quinta-feira, outubro 14, 2004

A OPÇÃO

Creio que surgiu a oportunidade da minha vida mas ainda não consegui tomar a decisão final.

Ao longo dos últimos cerca de 2 anos tenho pensado muito na vida que levo (eu e a minha família), no estilo de vida que tenho e no prazer que retiro dela. Estes pensamentos têm-me levado a que ponha em causa a forma de vida para a qual fui educado (e que todos nós hoje somos), uma forma de vida capitalista e materialista que, sabendo que é muito dificil de mudar, ainda assim me perturba. Tudo isto me levou a imaginar (pouco mais que isso) que a saida da urbe (Lisboa) para um local mais pequeno e menos violento (principalmente em termos económicos) me levará a ganhar algo de muito importante - qualidade de vida.

Esta evolução de pensamento, até hoje, não foi mais do que isso, pensamento. Não consegui, de uma forma significativa, ir contra o capitalismo que acredito estar enraizado na sociedade. Logicamente que a segunda parte do pensamento, a mudança para um local mais calmo, não só não deixou de existir, como se intensificou.

Essa mudança geográfica tem alguns pressupostos positivos e outros negativos. Vou enumerar alguns de ambos. Começo pelos negativos:

1. A saida de Lisboa obrigar-me-á a abdicar, ou pelo menos a prescindir em parte, da "evolução de carreira" (pelo menos no sentido lato). É na capital que a minha empresa decide, e é junto do poder de decisão que se evolui.
2. Nas cidades mais pequenas o acesso à cultura está bastante mais dificultado.
3. É em Lisboa que tenho a minha vida, os meus amigos e os meus familiares (e que peso tem este ponto).

Passo agora a alguns dos positivos:
1. A qualidade de vida é significativamente melhor, com mais tempo para a minha filha e para a minha mulher. Para aumentar a qualidade de vida temos menos poluição, menos stress, mais tempo, entre muitos outros pontos.
2. A minha filha e a minha mulher, e eu claro, teremos uma vida mais próxima, com maior diálogo e relação.
3. Poderemos ter uma horta (e os dois queremos muito isso). Ter terra, ter arvores, ter a natureza à nossa volta.

Dei o nome de "A OPÇÃO" ao post porque neste momento se abriu uma janela (a porta ainda não está aberta mas serei eu a decidir se a quero abrir ou não) para conseguir transferência para Portalegre. Tenho a casa da minha Avó, que não vive lá, em Portalegre. Parece que estive dois anos à espera desta oportunidade. Mas a verdade é que a decisão não é facil de tomar. E eu ainda não tomei a tomei. Porque não sei o que devo fazer. Se estou inclinado para ir, tenho medo de decidir.

quarta-feira, outubro 06, 2004

POLUIÇÃO

Estive recentemente a ver, na RTP2, um programa que tinha como tema base a poluição criada pelo Homem. Ficou-me na cabeça uma frase e que foi mais ou menos isto - Tudo o que o Homem produz acaba, mais dia menos dia, no lixo. Isto faz-nos pensar. Em primeiro lugar, o programa abordava a problemática das lixeiras e mostrava um impressionante: a lixeira de Nova Iorque. Abordava igualmente temas como o desenvolvimento de produtos químicos e a sua crescente evolução desde à cerca de 50 anos. Produtos que inicialmente eram vistos como não nocivos à saúde mas que hoje sabe-se os males que fazem ao solo e à nossa própria existência.

O programa falou, naturalmente, de muitos outros aspectos relativos à poluição. Gostava aqui apenas de salientar o seguinte: O meio ambiente deveria ser um problema de todos – neste momento há muitos que não se preocupam. E vai acabar por ser.

Tendo isto em conta deveremos ter alguns cuidados, connosco e com o meio que nos rodeia, que considero básicos:

1. Não só pela poluição que os produtos criam devemos ter o cuidado de comprar apenas o que necessitamos. Muito embora isto seja difícil pela sociedade consumista que nos envolve, deverá ser uma preocupação de todos.
2. Devemos todos reciclar. Podemos pensar que não é muito mas acredito que devemos fazer o que está ao nosso alcance. Este é um passo, e creio que um grande passo.
3. Deveremos sempre que possível optar por comprar produtos reciclados. Podem ser mais caros mas a compra de muitos fará com que os preços baixem.
4. Deveremos adquirir produtos biológicos. Mais uma vez, podem ser mais caros mas se todos os escolhermos a sua tendência é a descida de preços. Estes produtos, não só são melhores para a nossa saúde a curto prazo, como o são a longo prazo para o planeta já que, para a sua produção, não recorrem a produtos nocivos ao ambiente.
5. Sempre que possível devemos optar por andar de transportes públicos e/ou a pé – nem vale a pena dizer o porquê.

Muitos mais passos podem ser dados no sentido de melhorar o ambiente no nosso planeta. Se todos dermos alguns destes já não é mau. Algum dia vamos ter que olhar de frente para este problema. E quando mais cedo, melhor.

terça-feira, outubro 05, 2004

TELEVISÃO

Li à algum tempo aquele que foi o último livro (ou textos) de Karl Popper antes da sua morte. "Televisão: Um perigo para a Democracia" é um daqueles livros que se lê num dia mas que nos di muito sobre a evolução e o poder da televisão na sociedade mas que também nos mostra uma interessantíssima visão de Popper.


Televisão: Um perigo para a democracia

"A Democracia consiste em submeter o poder político a um controle. É essa a sua característica essencial. Numa democracia não deveria existir nenhum poder político incontrolado. Ora, a televisão tornou-se hoje em dia um poder colossal; podemos mesmo dizer que é potencialmente o mais importante de todos, como se tivesse substituído a voz de Deus. E será assim enquanto continuarmos a suportar os seus abusos [...] Nenhuma Democracia pode sobreviver se não pusermos cobro a esta omnipotência" - Contracapa do referido livro, que além das fundadas opiniões de Popper têm ainda um estudo efectuado e descrito por John Condry.

Este livro não só nos descreve a realidade nua e crua das negativas influências da televisão, da sua crescente e errada utilização, como ainda nos apresenta soluções. De uma forma sucinta a ideia de Popper, que partilho (pelo menos na sua grande parte), é a seguinte: os jornalistas e agentes televisivos (como directores de programas) deveriam estar sujeitos a um código de ética que apontava a programação para a educação e a evolução intelectual de quem visse os programas. Falhas nessa conduta levariam à perca da carteira e impossibilitava essa pessoa de voltar a "fazer" televisão. No fundo seria algo idêntico ao que acontece hoje com os médicos profissionais.

Acredito que o problema das televisões, a falta de qualidade da sua programação, o número crescente de horas que as crianças passam à sua frente bem como a incapacidade de serem criadas regras, tem que ser rapidamente colocado em cima da mesa para discussão. E isto deverá ser feito rapidamente sob pena do poder da televisão se tornar imparável.

segunda-feira, outubro 04, 2004

LOCAIS

Recebi hoje o "diário de viagem" da lua de mel do meu primo no Peru - caminho dos Íncas. Invejável. Uma viagem pouco convencional mas seguramente mais interessante que aquelas que estamos habituados. E seguramente menos monótona. As fotos são lindíssimas, inesquecíveis. Um local para descobrir. Um local para aprender.

Cada vez mais os novos casais, quando casam, viajam para os chamados destinos típicos (Varedero, México, Punta Cana, etc...). São viagens, no mínimo, monótonas. Não têm interesse e quando existe algo de interessante a circundar o local, as pessoas preferem praia e ficar de "papo para o ar". Porquê? É uma questão interessante mas para a qual não tenho uma resposta clara. De qualquer forma vou dar uma opinião.

Existe um desinteresse notório, felizmente não generalizado mas elevado, por questões culturais e artísticas. São muitas as pessoas que não gostam de ver museus nem de conhecer outras culturas. De pasear e ver as cidades com olhos de ver. De olhar à volta. De aprender. A única coisa que pretendem nas férias é descansar. E é legítimo. Mas ao mesmo tempo triste. Por isso mesmo optam única e exclusivamente por viagens empacotadas pelas agências. Sem criatividade, tal como elas. É pena.... mas é um espelho daquilo que as pessoas são.

A perca de criatividade e imaginação é, nas viagens como em tantos outros pontos, mais um fruto negativo da sociedade onde vivemos. Mais uma vez acredito que devemos fugir desses pacotes e procurar algo diferente que usualmente se torna mais divertido e interessante, mais educativo e muito mais proveitoso, mesmo para o descanso da mente.

sábado, outubro 02, 2004

PORTO SANTO

Fui este ano, em Agosto, passar com a minha família e alguns amigos de longa data, uma semana à ilha de Porto Santo. É um local que aconselho, muito particularmente a quem, como eu, tem filhos (uma no meu caso). As praias são, como toda a ilha, envoltas por uma calma tranquilizadora. Um mar fabuloso e uma temperatura excelente.


Porto Santo, Agosto 2003 Posted by Hello

A sua paisagem lunar é maravilhosa e permite passeios lindissimos.


Porto Santo, Agosto 2003 Posted by Hello

Recantos verdadeiramente paradisiacos acompanham-nos diariamente.


Porto Santo, Agosto 2003 Posted by Hello

Mas é a cor do mar que mais marca esta viagem. A cor e a temperatura, que permite longos banhos calmos, mergulhos e brincadeiras que qualquer adulto tem a necessidade de efectuar.


Porto Santo, Agosto 2003 Posted by Hello

Deixa-nos sem palavras o mar.


Porto Santo, Agosto 2003 Posted by Hello

Claro que era na esplanada da Tia Maria que, com caipirinhas a €2,5 terminava qualquer dia. E que dias bons foram aqueles. Enfim, para o ano há mais.

O ESTADO DO ESTADO

O estado do Estado é neste momento uma lástima. Devo mesmo dizer que, desde que tenho opinião política, e já lá vão cerca de 13 anos, nunca vi o nosso governo, os nossos políticos e dirigentes, num estado tão vergonhoso. Vou dar a minha opinião apenas sobre 3 dos actuais ministros, por forma a que não me torne cansativo. Vou falar da ministra da educação e dos ministros das finanças e ambiente.

EDUCAÇÃO - Não quero aqui falar sobre o problema que foi a falha na colocação da listagem das colocações nem se a culpa foi do ministério (que pelo que sei alterou o algoritmo de escolha à última da hora), ou da empresa informática envolvida (Compta). Mas ainda assim há dois pontos que quero mencionar: 1º Trabalho na área das telecoms e nunca vi nenhum contrato informático de 15 anos - estranho e seguramente muito lucrativo para alguns (seguramente que não para o bolso dos Portugueses). 2º Porque é que será que nestas situações aparecem sempre ministros ou ex-ministros ligados às ex ou actuais administrações das empresas privadas envolvidas.
Não quero, como disse, falar mais sobre a problemática referida. Gostava apenas de mencionar que a atitude sobranceira, despreocupada e leviana com que a ministra da educação tem levado este problema é de extremo mau gosto e falta de chá. A forma como fala aos jornalistas nas ruas e conferências de imprensa é vergonhosa e demonstra bem a sua falta de empenho e preocupação. Mesmo que não fosse um problema dela passou a selo.

FINANÇAS - Ouvi com espanto e vergonha a notícia sobre as reformas dos dois ex-administradores da Caixa Geral de Depósitos, uma empresa pública onde o dinheiro pertence a todos nós. Cerca de 15.000 Euros mês é indescritível. Ouvi igualmente o ministro Bagão Felix dizer, e cito, que era "obsceno" tal valor. Que iria rever as regras para que tal não se repetisse. Qual não foi o meu espanto quando, dias depois, ouvi a notícia que tal valor tinha sido acordado com o governo, ou seja, teve a sua aprovação. Mas como é que o ministro vem inicialmente dizer que considera escandaloso, obsceno mesmo, aquele valos, quando afinal ele foi, pelo menos aparentemente e não o ouvi desmentir isso, estabelecido com a aprovação/acordo do próprio? Eu nem sei o que dizer perante isto. Apenas que é uma vergonha.

AMBIENTE - Mais uma notícia interessante, depois dos embaraços iniciais, sobre o ministro do ambiente. Agora surge nos jornais a informação que o ministro adquiriu uma pequena casa na Arrábida (Parque Natural) e que construiu uma moradia de cerca de 160m2. Pouco tempo depois vem um acessor do ministro informar que já tem consigo toda a "papelada" para demonstrar a legalidade do acto do ministro. Creio que será importante referir que, segundo informação também noticiada, o referido ministro era, à data de construção da referida moradia, advogado da câmara em questão. Ora, como todos sabemos, não é a legalidade dos papeis que está em questão mas sim a forma como, supostamente, foram obtidos. Mais uma vez... vergonhoso.

De facto, os nossos políticos, na generalidade, não merecem a minha confiança. Mas isso não passa da minha opinião.

sábado, setembro 25, 2004

VIAGEM

Guiava por aquela estrada sem pensar em nada. Limitava-se a olhar à volta e sentir o cheiro da terra molhada derivado da chuva miúda que acabara de cair. As arvores molhadas brilhavam e as pequenas poças no meio da estrada reflectiam as folhas. Não via o céu porque as arvores dos dois lados da estrada lhe tapavam essa visão. As riscas brancas pintadas nos troncos criavam uma monotonia crescente. Á volta via os campos esverdiados mas sem vida.

Guiava sem nada na mente até que se lembrou do que tinha acontecido momentos antes. Não disse nada. Queria apenas encontrar alguém com quem partilhar esse momento. à sua volta não havia nada por isso limitou-se a acelerar. Quanto mais depressa andava mais se lembrava daquele momento. Mais queria contar a alguém. Mais só ficava.

Sabia que, depois do que se passou, guiava sem destino. Não sabia para onde ir. Não via o fim da recta. Não via o fim das árvores. Via a risca branca arvore após arvore. Via a monotonia à sua volta. Via apenas o que lhe passava pela mente, uma recordação daquele momento. Queria contar a alguém. A vida tem destas coisas, nem tudo o que queremos acontece. Mas sentia que no seu caso tinha sido diferente até aquele dia. Sabia que tinha tido tudo. Sabia que podia ter ficado com tudo. Sabia que a vida lhe tinha dado exactamente o que necessitava para ser feliz. Sabia.... até aquele momento.

Estava perdido na vida, perdido no tempo, e sem poder contar o que se passou a ninguém. Pensou nela. Mas de nada lhe servia. Não depois do que se passou. Não depois de tudo. Sorriu. Olhou à volta e reparou que finalmente via o fim da estrada. Uma curva apertada. Um muro de pedra alto. à sua volta as arvores, a estrada molhada e o forte cheiro a terra húmida. Colocou o pé com mais força no acelerador. Aproximou-se rapidamente da curva, do muro, e não virou.

quarta-feira, setembro 22, 2004

AVALIAÇÕES

Muito se tem falado da necessidade de avaliar para se poder evoluir. E fala-se em avaliar uma série de pontos. As escolas, os professores, os alunos ou os funcionários públicos. Avaliar está na ordem do dia.

Todos os dias nós avaliamos consciente ou inconscientemente uma série de coisas. Avaliamos as nossas decisões e as nossas compras, as nossas ideias ou as dos outros. A avaliação é de facto necessária. Aqui fala-se de avaliação para que se possa, através da “meritocracia”, promover. E isso eu creio que é fundamental. Mas essa avaliação tem que ser transparente. O mais transparente possível. Deverá evitar sempre que possível critérios subjectivos porque todos sabemos o que isso implica.

Em termos de empresas privadas essa avaliação, bem ou mal, já é feita à muito. A novidade é fazer isso em serviços públicos. E creio que se podem retirar benefícios disso, caso a avaliação seja correctamente feita e se retirem consequências disso.

Gostava ainda que a classe política fosse também avaliada. Avaliada com critérios nada subjectivos como por exemplo uma comparação entre o programa de governo (no caso do partido de governo) e as medidas reais, ou entre as promessas eleitorais e as realizações efectivas. Daí ter-se-ia que retirar os políticos que tinham nota positiva e negativa, sendo que os segundo não deveriam poder permanecer em funções políticas. Talvez assim os políticos pensassem melhor antes de prometerem mundos e fundos.

terça-feira, setembro 21, 2004

ESTADO DAS COISAS

Mas que país é este? Mas qual é o caminho por onde andamos? E onde nos leva essa caminho?

As cidades, e falo principalmente de Lisboa, onde vivo e trabalho, está um caus. Os políticos fazem cá o contrário do que outros países nos tentam demonstrar. Falam em trazer jovens para o centro da cidade mas o que mostram é vontade de trazer mais e mais carros. São disso um exemplo claro os tuneis do Marquês ou as propostas de pontes sobre o Tejo. A poluição aumenta, os jovens continuam a fugir do centro, por motivos obvios de especulação imobiária, a cidade está cada vez mais confusa. E essa confusão afasta-nos. E os políticos? Onde estão as medidas que podendo ser impopulares hoje se tornariam trunfos no futuro?

A educação, bem, a educação não tem explicação. O actual erro, prontamente justificado como erro informático mas que a mim me levanta bastantes dúvidas, não passa de mais uma pedra no sapato. A educação neste país é uma miséria, uma verdadeira máquina de chouriços, ou de alunos. Entram crianças inocentes nas escolas primárias e saem verdadeiras máquinas capitalistas da faculdade (no nosso caso essas máquinas necessitam ainda de muito óleo porque até essa preparação não é muito boa)

A economia é outra vergonha. A fraude fiscal que deveria envergonhar é vista como um feito, uma vitória e um motivo de se vangloriarem perante os outros. A classe média não pára de ser atacada sendo disso exemplo o recente aviso do fim dos benefícios fiscais para as contas poupança habitação, reforma, etc... (provavelmente a única forma de alguns Portugueses pouparem), ou o aviso de que as idas aos hospitais podem passar a ser indexadas às declarações dos rendimentos (fraudulentos por sinal) - mas afinal não existem já impostos diferentes consuante o que cada um recebe.

Mais podia ser dito. E será, com o tempo.

O país está numa vergonha. E ninguém faz nada para mudar isso. Têm que ser os jovens a levantar a voz - onde eu me posso incluir se bem que com alguma dificuldade. A dizer BASTA. A dizer MAIS NÃO. Mas têm também que apresentar soluções. Reformas sociais e políticas, diferentes opções de escolha. Para isso o debate é importante, imprescindível mesmo. E as opiniões de todos têm que ser ouvidas.

quinta-feira, setembro 16, 2004

FIM DE FÉRIAS

Do blog, quero dizer. Ainda tenho férias por marcar, mas quero voltar a escrever depois de bastante tempo sem nenhuma opinião exprimir. Vamos ver se sou capaz.

segunda-feira, julho 26, 2004

VULGARIDADE

As pessoas são vulgares. São maioritariamente vulgares. Andamos na rua, olhamos à volta e parecem bonecos, todos iguais, as mesmas expressões, o mesmo tipo de roupa, a mesma forma de andar. As sociedades são iguais, as pessoas são iguais, as políticas são iguais, é tudo igual... nada muda.

Olhando de cima, numa rua cheia, nada mais vimos que simples cabeças a andarem de um lado para o outro, com pouca ou nenhuma expressão na cara, sem qualquer tipo de criatividade embutida. São apenas movimentos regulares como se de uma máquina se tratasse.  Variam as cores, e mesmo essas não muito porque a “indústria da moda” as define, variam as caras, mas não as expressões, variam os caminhos, mas vão todos para o mesmo lado. Pouco varia. Nada é diferente.

É o resultado da igualdade. É o resultado da estupidificação da população. É o resultado de se apostar na mediocridade e não na qualidade.

Porque é que será que as pessoas são cada vez menos criativas? E quando são, porque é que são consideradas “diferentes” e descriminadas?

Temos que procurar a diferença. A criatividade. A singularidade.

FÉRIAS

Vou de férias.

E estou farto de Lisboa. Da cidade. Do barulho. Da confusão. Da poluição. Da quantidade de pessoas. Estou farto do transito. Da demora. Da obrigação. Do trabalho. Do calor. Dos dias. Das noites. De acordar. De ir. De não poder ir. De correr. De olhar à volta e nada ver. Estou farto do dia a dia como ele é. De pensar como deveria ser. Como poderia ser.

E por isso vou de férias. Vou para a calma de um local. Para o mar. Para o descanso. Para o azul e verde. Para a areia. Vou para a esplanada ler. Para a praia andar. Vou correr. Vou brincar. Vou dormir. Vou não fazer nada. Vou poder não fazer. Vou querer não fazer. Vou olhar. Fotografar. Contemplar. Vou.

Vou partir. Mas depois vou voltar.

segunda-feira, julho 12, 2004

MOMENTOS

Há momentos na vida em que ficamos contentes por pura e simplesmente nada acontecer.

Quando nada acontece tudo corre bem. Esses momentos são como as tardes de Domingo que ficamos imóveis em frente a um ecrã, olhamos para as arvores, deixamos passar o tempo. Momentos de em nada pensar e de nada fazer.

Gosto de não fazer nada. Gosto desses momentos.

sexta-feira, julho 09, 2004

ESTADO POLÍTICO III

Não concordo com a posição hoje apresentada pelo Presidente da República. E não concordo pelos seguintes pontos que passo a expor:

1 - Com a necessidade de apresentação de um novo programa eleitoral pelo também novo governo, o povo deveria ser obrigatoriamente chamado a escolher.

2 - O programa sufragado à dois anos está longe de estar a ser cumprido pelo que é obrigação do presidente ter em conta este facto político. As grandes promessas bandeira do PSD não se cumpriram. O povo deve ser consultado. Se juntarmos a isso o primeiro ponto, as eleições antecipadas eram de facto fundamentais.

3 - A actual coligação existente na assembleia nunca foi legitimada pelo povo. Foi formada após as eleições legislativas e passou apenas por eleições europeias. Esse resultado foi o conhecido pelo que mais uma vez existe legitimidade para a dissolução e convocação de eleições.

Não quero com isto dizer que não respeito a decisão do Presidente da República.

Também não creio que as palavras do presidente tenham como finalidade nem tão pouco como base a legitimação do actual programa do Governo. Creio que o que foi dito é que o povo votou um programa que se deverá manter - daí a frase sobre o facto de não tolerar ou aceitar mudanças radicais na política do governo, e caso ele não seja cumprido (na minha opinião não está neste momento) então ele poderá dissolver a assembleia da república.

Devo apenas acrescentar que segundo a minha opinião, o país está neste momento entregue a políticos sem escrúpulos, ao populismo barato e à lei do Lobby. O populismo será mesmo a tónica que mais notará, e o perigo do abuso de poder existe.

Devemos respeitar a decisão mas devemos também criticar. Eu não concordo.

ENSINO

Procurarei dar a minha opinião, em formato o mais construtivo possível, sobre o estado da Nação. Na minha opinião a Educação deverá ser, juntamente com a Saúde e seguida pela Segurança Social, a grande prioridade do Estado. Só com políticas evolutivas nestas áreas o país poderá crescer e caminhar no sentido da melhoria das condições de vida. Esta deveria ser a função do estado, melhorar as condições de vida dos cidadãos.

Começo pela Educação. A reforma educativa é por demais necessária. Tentarei abordar o tema em três grandes áreas distintas: Ensino Primário (até a antiga 4ª Classe); Ensino Secundário (até ao 12º Ano); Ensino Superior:

1. Ensino Primário – Todas as bases de educação fundamentais são dadas às crianças dentro desta fase. A verdade é que a sociedade evoluiu e a escola não. Hoje, as crianças vão cada vez mais cedo para a escola (ou infantário) apenas e só porque ao pais não têm tempo para elas. E por isso vão para a escola. Esta escola é cada vez menos útil uma vez que sua finalidade deixou de ser educar para passar a ser ocupar. Se era habitual as crianças irem para a escola fazer coisas que não faziam em casa, como conhecer materiais, deslocações a museus, visitas de estudo, isso é cada vez mais, numa determinada camada da sociedade cada vez maior, mais habitual. Ou seja, a utilidade da escola diminui. É fácil verificar que as crianças são hoje mais estimuladas e mesmo sem frequentarem a escola conhecem mais e aprendem em casa. Assim, deverá também aqui existir um trabalho no sentido de transformar a ocupação necessária em utilidade educativa. Como? Desenvolver muito mais as áreas criativas e artísticas nas crianças em detrimento da educação banal, da educação do sistema. A minha filha vai agora, aos 3 anos e meio, para a escola. Não espero que a ensinem a comportar-se (esse é o meu papel) mas exactamente o contrário (no sentido lato claro) – que se exprima, que crie e invente, que se divirta. Só assim poderemos ter jovens mentalmente desenvolvidos e futuros Homens felizes.

2. Ensino Secundário – A escola secundária passou a ter como função principal a educação comportamental. E este é um papel difícil, que maioritariamente não é conseguido, e na minha opinião não é o correcto. Não deveria ser a escola a ter este papel, nem os seus professores. À escola pede-se demais. Aos pais nada se exige. Os actos comportamentais doa alunos devem ter repercussões nos pais. Á escola deve-se exigir que transmitam a informação necessária, a nível educacional, para que o aluno possa dirigir-se para o mercado de trabalho (caso não siga para a faculdade) com as ferramentas necessárias. A grande preocupação deverá estar ao nível das matemáticas (recorrer a um ensino menos teórico e muito mais prático) e das línguas (com especial importância na língua materna mas existindo mais uma de fundo). Deveria ainda ser criada uma área de desenvolvimento criativo (onde a imaginação e criatividade fossem trabalhadas) e de economia geral (incidência em finanças domésticas e entendimento do funcionamento da economia global).

3. Ensino Superior – O canudo. A faculdade é hoje um verdadeiro canudo. O ensino é maioritariamente teórico e tem pouca aplicação nas empresas. Os alunos perdem 4 ou 5 anos da sua vida sem se ver resultado prático nisso. É fundamental uma reforma de fundo no ensino superior. Essa reforma tem que passar pela diminuição do número de anos (no máximo 3 anos) e por um programa totalmente diferente. Dever-se-á trabalhar em conjunto com as empresas para procurar, em cada área, quais os pontos fundamentais em termos de ensino. Deverá ainda ser incluída uma disciplina de ética no trabalho, virado para as diferentes áreas de mercado (economia, saúde, educação, jornalismo, etc...). Os alunos deveriam ser avaliados de uma forma continua e não apenas em exames finais. O trabalho com as empresas deveria igualmente determinar o número de vagas, por forma a encaminhar alunos para as que têm mais necessidades humanas (claro que sempre de acordo com os interesses dos alunos). As faculdades privadas deveriam viver da mesma forma que as públicas.

Não sei sinceramente se os aspectos levantados seriam suficientes. Creio sim que seria um inicio de um debate interessante. Nenhuma politica educativa poderá ser vista no curto prazo mas as suas influências a longo prazo serão enormes e não podem ser consideradas menores. Deverá existir uma procura de consenso nesta área já que estamos a falar dos nossos filhos e netos e do futuro do país. Claro que muitos mais pontos poderiam aqui quer colocados. Fica uma primeira abordagem.

terça-feira, julho 06, 2004

FUMAR

Eu fumo. E já fumo à mais de 15 anos. Mas sou aquilo a que se pode chamar um fumador com bom senso (se é que isso pode existir). Tento não fumar em locais fechados, pergunto se posso fumar quando estou com não fumadores. Tento ao máximo não incomodar os que me rodeiam. Mas não suporto a intolerância contra os fumadores. Não suporto os que proíbem o fumar em qualquer situação, os que são contra os que fumam só porque não fumam, os que não têm qualquer tipo de bom senso.

Como em tudo acredito que o bom senso tem que prevalecer. Acho que se deve poder fumar. Acho que deve haver zonas para fumadores e para não fumadores. Acho que os fumadores não devem ser marginalizados em cantos obscuros e salas intragáveis como existem em muitos países e em bastantes empresas em Portugal. Deve-se criar condições para que quem fuma possa fumar e não incomodar os outros.

Fumar é um vicio. E tem que ser visto como tal. Deve ser tratado como tal. Comecei hoje a utilizar um medicamento que me pareceu interessante e que procura ajudar a retirar a dependência da nicotina. Ou seja, ajuda a reduzir a dependência física/quimica sendo que a psicológica e a social, que também existem, fica por nossa conta. Vamos ver. Sou muito céptico em relação a estas coisas mas vou tentar.

Existe no entanto um problema em relação a estas tentativas de deixar de fumar. É que eu fumo porque de facto gosto muito de fumar e sabe-me bastante bem. Tenho plena consciência que a maior parte dos cigarros são vicio puro. Mas há os outros. Aqueles que eu de facto gosto mesmo e me sabem muito bem. Era bom fumar só esses... mas creio que isso é impossível. Por isso ainda acredito minimamente neste método. Retira a dependência da nicotina e as coisas tornam-se mais simples. Vamos ver... não custa tentar.

segunda-feira, julho 05, 2004

QUE PENA

Que pena termos perdido. Foi de facto uma pena mas a verdade é que tenho que admitir que ontem a Grécia foi mais forte e jogou melhor. Que pena.

Apesar da frustração e do desgosto fui para a rua como tinha dito. Valeu a pena. Descer a Av. Da Liberdade sem carros é bonito. Só por isso valeu a pena. E ver os Gregos a festejar. Mais interessante foi ver Espanhóis, Holandeses, Gregos e Portugueses, todos em festa.

Mas que pena..... é o que me ocorre. A festa foi gira, mas com a vitória teria sido enorme. Foi pena mas foi bom. Parabéns.

domingo, julho 04, 2004

EURO 2004

É o meu primeiro post com o tema Euro 2004. Gosto muito desporto. Gosto muito de futebol, de bom futebol. Por isso os Jogos Olimpicos, os campeonatos da Europa e os do mundo me agradam tanto. Embora tenha achado e continue a achar que o noso país tinha mais sitios onde gastar dinheiro, não quero agora aqui discutir esse ponto. Quero apenas falar um pouco do Euro 2004 no seu lado desportivo.

Tenho gostado muito. Dos jogos, do comportamento dos adeptos, da organização, da festa. E como tem sido bom ver Portugal ganhar, e ganhar bem. Não entendo muito bem a euforia à volta das nossas vitórias mas também fui com amigos, a minha mulher e a minha filha de 3 anos para a rua festejar. E fui em todas as vitórias - excepto a com a Russia. E gosto. Gosto da festa do futebol. É o que o futebol tem de mais bonito.... a festa.

E é por isso mesmo que mais logo, quer Portugal ganhe quer não ganhe (e eu espero claro que ganhe e bem) eu vou de novo para a rua. Festejar aquilo que considero uma festa, uma vitória - o facto de estarmos na final e de tudo ter corrido tão bem merece ser festejado, qualquer que seja o resultado final. Parabéns Portugal.

sábado, julho 03, 2004

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDERSEN

"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."

Sophia de Mello Breyner Andresen 1919-2004

quinta-feira, julho 01, 2004

CANCRO

O século XIX e o principalmente o século XX detectaram no seio da humanidade um cancro. Um cancro que, como todos, mata. Começa apenas por destruir e acaba por matar. Mas fá-lo de uma forma tranquila, calma e sem pressas. Um cancro a que chamaram lucro. Este cancro tornou-se o comando e, hoje, tudo é feito em função do lucro.

Como em todos os cancros, também neste a luta é necessária mas difícil de ser vencida. A necessidade de conhecer o cancro é imprescindível, o seu método de funcionamento é implacável. Mas é importante sabermos que existe. Difícil será perceber como funciona. Não sei mesmo se alguém o entende.

O Lucro, quando existe, tem poucos destinatários. Sabemos que são os ricos que ficam mais ricos. Sabemos que dinheiro gera dinheiro. Mas afinal o que se faz com lucros que não só não se sabem como surgem como não se percebe por quem são distribuídos? Esta distribuição, quando existem accionistas, é feita para estes? Mas não são também estes empresas, que têm igualmente accionistas e assim por diante? E se o lucro não é reinvestido o que se faz com ele? E se não existem accionistas vai para onde? Volta aos bolsos dos ricos, que naturalmente se tornam mais e mais ricos. E o que ganha a sociedade com isso? Para que serve afinal o lucro? Para matar... apenas para nos matar.

Não nos podemos submeter mais à corrupção do lucro. O lucro só seria útil para todos se for reinvestido por e para todos. Só com a eliminação do lucro como finalidade base se poderá combater este cancro que nos matará, como sociedade democrática, em pouco tempo.

É necessário debater e colocar estas questões em cima da mesa para que possamos aspirar à sobrevivência. Só assim encontraremos uma forma de travar este cancro. Temos que por fim a uma sociedade gerida e guiada apenas pelo lucro.

terça-feira, junho 29, 2004

ESTADO POLÍTICO II

Soube à 5 minutos que a saída do Dr. Durão Barroso o obrigará a apresentar ao Presidente da República uma proposta de novo governo e este a submeter um novo programa de governo para aprovação na assembleia da república. Isto muda substancialmente a minha forma de ver as coisas. Pensava sinceramente que mesmo mudando o governo o programa se manteria - e daí o meu anterior post. Não quero aqui criticar o programa em questão porque já tive oportunidade de o fazer nas urnas, mas a apresentação de um novo programa muda a forma como este problema deve ser observado.

Acredito que qualquer programa para governar um país só pode ser aprovado pelo povo. O povo fez isso em relação ao actual programa pelo que deverá fazer o mesmo em relação ao próximo. Assim sendo, e caso seja de facto obrigação do novo governo apresentar um novo programa, creio que deverá haver eleições antecipadas para que seja o povo a decidir que programa seguir.

segunda-feira, junho 28, 2004

ESTADO POLÍTICO

As mudanças políticas que se avizinham têm feito correr muita tinta. Vou tentar aqui dar também a minha opinião sobre a actual situação política decorrente da quase certa ida do Dr. Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia.

Antes de mais convém dizer que nunca votei nem PS nem PSD pelo que creio poder ter uma opinião isenta de “quintas” partidárias.

Em primeiro lugar, muito se tem falado sobre o que fazer com a saída do primeiro ministro. A constituição é clara. Se a maioria parlamentar encontrar uma solução de uma forma clara e sem guerras demasiado perturbadoras, acredito que o presidente da república aceitará e deverá aceitar a mudança sem levantar grandes problemas. Para os que são contra o Dr. Pedro Santana Lopes, de quem pessoalmente também não me agrada para ser o nosso primeiro ministro, é importante dizer que quando o país vai às urnas fá-lo por um programa eleitoral e não por uma ou mais pessoas. E se não é assim, estão errados, porque deveria ser. Assim, esta questão não deve serquer ser levantada.

O problema levanta-se principalmente se internamente o PSD não encontrar pacificamente uma solução. Se existir a necessidade de um congresso extraordinário, aí creio que o presidente deverá imediatamente dissolver a assembleia e convocar eleições antecipadas. Ainda assim, creio que isso não seria muito bom já que a esquerda neste momento não tem organização nem liderança para assumir de uma forma correcta a chefia do país.

Termino apenas dizendo que nunca apoiei nenhuma maioria absoluta nem tão pouco uma maioria parlamentar. Creio que em democracia deveria existir sempre uma assembleia não maioritária e o consenso democrático será sempre a melhor e mais correcta forma de encontrar soluções evolutivas para o país.

domingo, junho 27, 2004

VIDA

Estamos completamente perdidos sem saber o que fazer, como dar a volta, até onde ir para fugir a uma vida que não queremos ter. Ao pensarmos nela desejamos não pensar, ao vermos o que somos sabemos que não podemos mais ser. Vivemos apenas como podemos e não fazemos por poder mais até porque não sabemos o que queremos. Os poucos que sabem, esses loucos, são excluidos, marginalizados, reprimidos. Não lhes ligamos e dizemos que estão loucos apenas porque sabem o que querem e como querem viver uma vida que nos dá tudo mas que nós não lhe ligamos.

Mas nada fazemos, nada mudamos, nada.... nada. Estamos só impávidos e serenos à espera que a morte nos chame e nos diga "inútil.... vem". Aí pensamos no que poderiamos ter feito, no que deveriamos ter feito, e no que não fizemos. Aí choramos. Aí morremos. Tarde. Reagimos sempre tarde demais para tentarmos ser algo. Somos todos assim, ou quase todos. Mesmo a maioria dos que pensa que não são... são. E vão continuar a ser.

sábado, junho 26, 2004

NACIONALISMO BANDEIRISTICO

Será que a recente mania de colocar bandeiras Portuguesas nas janelas dos carros e casas se trata de puro Nacionalismo? Será que se trata de mostrar amor e apego à nação? Não creio. E não creio porque maioritariamente acredito que se trate de uma questão estética, de uma resposta a uma proposta interessante e de um forma de mostrar algum apoio à selecção. Não mais que isso. Não se trata de nacionalismo.

Estamos numa altura muito importante a nível Europeu, altura esta que acredito que tem como fim o acabar das nações como as conhecemos. A nova constituição procurará, entre outras coisas naturalmente, afastar a noção de nação como a conhecemos, a xenofobia e o racismo. Não quero discutir se deverá ser esse o caminho. Quero apenas dizer que se ninguém se importa com isso, não é seguramente pendurando uma bandeira na janela que demonstra o seu nacionalismo. Não acredito que exista esse nacionalismo no nosso país.

Mas eu também pendurei uma bandeira. Clubismo. Isso sim. Vemos o Euro como um campeonato de paises e Portugal é um clube presente. Por isso apoiamos a selecção. Mas é clubismo puro, não nacionalismo.

Além do que disse atrás, creio que esteticamente é interessante ver as ruas cheias de bandeiras e por isso também aderi. E acredito que como eu há muitos outros que o fizeram sem qualquer tipo de nacionalismo inerente.

Será que um país que não se preocupa com o seu estado político, económico e mesmo social poderá ter este tipo de atitudes como sendo nacionalistas?

segunda-feira, junho 21, 2004

IGNORÂNCIA

Pois é. Por vezes penso que o melhor é não pensar em nada e viver na ignorância. Não querer saber o que me tornará feliz e simplesmente deixar a vida levar o seu rumo. Não sei o que é que quero fazer da e na vida. Não sei o que me fará feliz. Será que se não pensar sou mais feliz?

Noto que a maior parte das pessoas nem sequer pensa no mundo que as rodeia. E prefiro nem lhes levantar esse problema porque corro o risco de me atirarem à cara que a causa da sua infelicidade foi a nossa conversa. É que não acredito que as se pessoas pensarem na vida que levam e nas suas prespectivas fiquem muito felizes.

Tenho pena de também eu não me limitar a não pensar em nada e a viver mecanicamente tal como a grande parte dos outros - a viver um dia atrás do outro, sempre com o mesmo fundo à vista, sem querer sequer pensar no que querem. Tenho pena de estar constantemente insatisfeito com a forma como o mundo está. Tenho pena de não ver alternativas e de não poder nem conseguir mudar de vida. Tenho pena de não saber o que quero desta vida. Tenho pena de um dia morrer e nada ter feito para ser feliz. Não é a morte que me assuste (de facto nem penso nisso) mas a insatisfação de nada ter até agora feito para sentir que a minha vida foi útil e feliz.

Mas será que não pensar me tornará mais feliz? Não só não sei a resposta como é de todo impossível pensar nisso. É que eu penso nisso. A ignorância no campo da forma de estar é na minha opinião também ela limitativa. Acima de tudo porque torna a nossa imaginação corrompida, já que não pensamos por nós, e a nossa presença no mundo totalmente sem sentido. Mas a maioria das pessoas é assim que vive. Sem pensar. E vive feliz. Até ao dia em que pensam na vida que levam..... e morrem.

sexta-feira, junho 18, 2004

TRANQUILIDADE

As plantas transmitem uma enorme tranquilidade a tudo o que as rodeia.

Sinto-me bem quando, todos os fins de tarde, vou regar as plantas das minhas varandas. Buganvília, Jasmim, Roseiras, Era, Trandescância, Hortense e Alfazema entre outras. Tenho também bastantes dentro de casa como Begónias, Paus d’Agua, Crotons, Vriesea, Schefflera, Poto, Ficus. Dão alegria à casa. Dão-lhe vida. E a mim dão-me um enorme prazer.

Ver crescer uma planta é algo maravilhoso. É um sentimento de ajuda, uma sensasão de liberdade.

Mas é de facto um prazer regar as plantas. Não penso em mais nada nem mais nada me perturba. Limito-me a olhar para elas, cheirá-las e regá-las. Por vezes fito-as e passo as mãos por elas.... depois sinto o cheiro que fica nas mãos.

Tranquilidade....... é um momento de tranquilidade. Um dos poucos que consigo ter nos dias que correm rápido demais.

segunda-feira, junho 14, 2004

PEQUENOS PRAZERES

A vida é feita disso, de pequenos prazeres. Muitas vezes nem damos conta deles mas são o que nos mantém vivos. Falo de prazeres realmente pequenos. Aqueles que nada fazemos para os ter e que se não os tivermos sentimos a falta.

É impressionante o poder que um sorriso (não todos mas em determinadas circunstâncias) da minha filha tem. Como um simples mexer de lábios pode dar um prazer tão grande a alguém. Um gesto, sem palavras, um esboço de felicidade de uma filha tem o poder de mover todo um estado de espírito. Este é de facto um dos maiores pequenos prazeres da vida.

Mas há muitos outros. Há a leitura de um texto que desperta atenção e prazer, o encontrar de opiniões semelhantes ou opostas, mas que nos chamam a atenção. Há um vinho fresco gelado numa tarde de verão, um beijo ao pôr do Sol, uma brisa fresca numa noite quente, o cheiro de uma flor ou mesmo a sua cor, o odor de uma deliciosa maçã ou a frescura de uma cereja.

Há mais. Muitos mais. Há um sono profundo, uma sesta calma, um café no trabalho. Há um suspiro de alívio, uma música calma ou uma pausa pensada. Há as reflexões, as opções ou as acções não pensadas. Há momentos que não damos por eles, há atitudes não pensadas, há vontades desconhecidas.

Há de facto muitos pequenos prazeres. Tão pequenos que não os quero tornar grandes para não os perder.

domingo, junho 13, 2004

ELEIÇÕES EUROPEIAS

Hoje é dia de eleições. Ao longo dos meus 30 anos de vida e 12 de votante falhei apenas uma eleição presidencial e foi porque estava em Madrid e não me apeteceu fazer 600Km para votar.

Muito embora o voto em branco tenha muitas vezes sido opção, neste momento a situação é um pouco diferente. Sei que votar em branco significa que não estou de acordo com o que qualquer das forçar políticas me apresenta como opção mas neste momento não é só disso que se trata - e de facto não acredito em nenhuma das opções.

O meu problema actual é que deixei de acreditar neste sistema. Deixei de acreditar nos partidos e nos políticos, no sistema em si, e não apenas nas suas supostas soluções ou ideologias.

Isto levanta-me uma questão importante. Deverei ir votar se o que não acredito é o sistema em si? Não sei. Não sei mesmo. E atenção que eu levo estas questões bastante a sério pelo que tenho pensado bastante nisto. E continuo sem saber. Acredito que devemos participar e tentar encontrar soluções. Só deixei foi de acreditar na forma como o "esquema" democrático está montado. E por isso não sei se deva ou não ir votar.

Sei que estas eleições são muito importantes e que se decide o nosso futuro mais do que aquilo que imaginamos. Mas sei também que poucos se importam com isso. Para os mais interessados deixo aqui o link para a proposta de Constituição Europeia em formato .pdf (Projecto de Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa). Aliás, esta Constituição é um dos pontos que pesa a favor do NÃO votar. Não é votar em branco... é não votar de todo.

Vou dormir sobre o assunto e amanhã espero estar mais claro em relação ao assunto.

sexta-feira, junho 11, 2004

FEIRA DO LIVRO 2004

Os livros que adquiri este ano na feira do livro são de vários temas. UNS por curiosidade histórica, outros por interesse real e ainda outros por puro impulso, as aquisições estão abaixo apresentadas sem qualquer ordem de preferência.

Movimento Contra o Trabalho – Grupo Krisis – Ed. Antígona – Já terminei a leitura deste livro. Muito interessante. Uma excelente abordagem contra o trabalho virado para a alimentação do capitalismo. Apresenta a importância do trabalho útil e a inutilidade da actual forma de ver o trabalho.

Pequenas Grandes Infâmias – Panos Karnezis – Ed. Cavalo de Tróia – Não conheço e ainda não li. Pareceu-me interessante. Um escritor Grego. Histórias de uma pequena comunidade situada, naturalmente, na Grécia.

Excertos dos Diários de Adão e Eva – Mark Twain – Ed. Cavalo de Tróia – Excelente abordagem cómica às diferenças entre homem e mulher através de duas personagens por demais conhecidas.

Os Pensadores – Daniel J. Boorstin – Gradiva – Este excelente livro (estou a meio) apresenta a evolução de pensamento e a constante busca do Homem para se conhecer. Uma visita interessante ao inicio do pensamento metódico e uma oportunidade de perceber a evolução filosófica até aos nossos dias.

O Universo numa Casca de Noz – Stephen Hawking – Gradiva – Famoso livro que apresenta a visão do cosmos segundo o famoso cientista.

Tratado Sobre a Tolerância – Voltaire – Ed. Antígona – “Não faças o que não quereis que te fizessem” – Uma abordagem de Voltaire à importância da tolerância. Tenho bastante curiosidade em ler este livro.

Odisseia – Homero – Ed. Cotovia – É o famoso livro de Homero, em verso. Um livro que quero ir lendo aos poucos.

A Globalização do Capital – Barry Eichengreen – É a História do Sistema Monetário Internacional. Tenho interesse em perceber como é que chegámos a este ponto.

A minha mulher comprou mais alguns e muitos mais foram para a minha filha.

Adoro a feira do livro.

quarta-feira, junho 09, 2004

QUERO TER UM PORCO

Quero ter um porco. Quero ter um porco e chamá-lo Geremias.

Quero ver o Geremias crescer, ficar gordo e quero que a sua cor, de rosa, fascine a minha filha Rita. Quero que o Geremias passeie descansada e calmamente, que brinque e que nos entretenha, tal como nós a ele.

Quero que, nas noites frias, o Geremias se deite, ao pé da lareira. Que ressone e que nós nos regozijemos ao olhar para ele. Quero que o Geremias sinta que somos amigos e que confie em nós. Que saiba que nem todos os porcos são porcos, que nem todos são comidos e que existem alguns que têm amigos. Que os conhecem e partilham o que têm. Que vivem com eles.

Quero que o Geremias olhe para as árvores e as aprecie, que veja o Sol e a Lua como nós. Quero ter um porco, quero ter um amigo porco, de verdade.

Quero ter um porco a quem vou chamar Geremias.

MUDAR DE VIDA

A vida é muito curta. Curta demais para valer os problemas que criamos. Curta demais para não tentarmos, para viver penas segundo o que nos dizem, para agir como pretendem que o façamos. Demasiado curta para não procurarmos ser felizes.

Eu estou cansado da vida que levo. Das pressas no trabalho, da cidade demasiado exigente, das obrigações diárias. De não ter tempo para pensar, de nem sequer poder parar. De ser obrigado a estar sempre a este ritmo. De não gostar. Estou cansado. Não quero mais isto. Deixei de querer o que sempre fui educado a desejar. Não quero mais trabalhar uma vida inteira para tentar ter algum dinheiro nem sei bem para quê. A vida é demasiado curta e as pessoas perdem demasiado tempo a fazerem coisas sem interesse. Trabalham demasiado e deixam de ter vida.... por uma carreira. Eu não quero mais essa carreira. Chega. Estou farto da carreira, de carreiras e de viver para elas.

Quero fugir de Lisboa e mudar a minha vida para o campo. Continuar a trabalhar, é verdade, mas a ter também uma qualidade de vida que se tornou impossível sequer desejar. Quero trabalhar apenas o suficiente para poder ter uma vida calma, para poder desejar ter uma vida. Quero ter uma casa pequena com espaço, quero ter arvores de fruto e uma horta. Quero fazer mais coisas com gosto e mais coisas que gosto.

Quero divertir-me. Acho que posso. Acho que mereço.

segunda-feira, junho 07, 2004

UMA VIDA NORMAL

Gostava de saber escrever. De escrever estórias. De colocar em papel tudo o que me vai na alma e poder ser lido. Ou de imaginar um romance, um conto ou ficção e transmiti-lo. Gostava. Mas não só não sei escrever como não tenho estórias para contar.

Numa época em que qualquer um escreve um livro e, por muito mau que seja, ele é lido, não gostava de escrever algo sem sentido. É verdade que sempre se escreveram bons e maus livros, como agora, mas creio que hoje, com a facilidade de divulgação, impressão e exposição, se colocam à venda mais livros sem qualquer qualidade. Isso não queria.

Queria saber escrever. Queria saber transmitir correcta e atraentemente o que me vai na alma, o que me ocorre, o que sinto. Queria ter estórias para contar, ter imaginação para as criar, ter quem gostasse de as ler.

Se calhar um dia escrevo. E nesse dia creio escreverei sobre um homem normal que tem uma vida normal, com uma família normal e um trabalho normal. Que faz dos seus normais hobbies um divertimento normal, que lê o que normalmente se lê, pensa como normalmente se pensa, acredita no que é normal. Sobre um homem que vive normalmente e faz dessa normalidade a sua opção. Sobre um homem que quando chega aos 30 anos pensa “Tenho mesmo uma vida normal... estou farto”.

Qualquer dia escrevo um livro normal.

domingo, junho 06, 2004

"MANIFESTO CONTRA O TRABALHO"

Acabei recentemente de ler o livro “Manifesto Contra o Trabalho”, escrito pelo grupo KRISIS e publicado pela editora Antígona em Portugal. Escrito à cerca de cinco anos, este tratado foi largamente debatido na Europa, especialmente na Alemanha, a sua origem. Este livro não é um tratado a favor do ócio mas sim um movimento a favor do trabalho útil. Mostra as incoerências do Capitalismo e o poder influênciador do dinheiro em todos os actuais actos do ser Humano. Coloca a nu a corrupção pelo dinheiro e apresenta a queda do Capitalismo como certa. Um livro que vale a pena ler de uma forma crítica e que pode muito bem ser um ponto de partida para a procura de alternativas mais que necessárias para pôr fim à escalada de desigualdades que a sociedade cria. Em Português, vale a pena visitar o site EXIT.

LUGARES I

Um fim-de-semana calmo e tranquilo. Sem pressas, sem vontade de inventar, sem necessidade da correria que todos os dias encontramos, mesmo sem a procurarmos. A mania de querermos fazer mais e mais foi aqui completamente esquecida. Com a tranquilidade como pano de fundo, o Monte da Fornalha, perto de Borba, foi o local escolhido. Agradável surpresa. De uma beleza fora do normal, esta casa alentejana prometia descanso e foi o que encontrámos.


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello

Ideal para ler, pensar, imaginar ou pura e simplesmente nada fazer, é agradável saber que existem lugares perto de Lisboa onde parece que mais nada existe.


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello

Momentos de puro relaxamento, sem a exigência diária, sempre com um único intuito: nenhum, nada. Pena é não poder ficar.

sexta-feira, junho 04, 2004

GERAÇÃO INÚTIL

Creio que a História classificará a actual geração entre os 30 e 40 anos como a geração inútil. Fará quase que seguramente o mesmo em relação à geração que vem depois, que tem hoje entre os 15 e os 20 anos. Porque é uma geração inútil. É a geração dos serviços. É a geração da produção fictícia, da criação de inutilidades, do abandono da produção. Os serviços, maioritariamente, de nada servem. Para que serve um contabilista, um auditor ou um gestor? Para que serve uma secretária, um escriturário ou uma engenheira? Para nada. Nada produzem. São inúteis. Na realidade servem para alimentar o capitalismo. Mas isso é produzir?

Será que quando chegamos a casa e pensamos, se é que pensamos, consideramos que fazemos algo de útil? Se sim, estamos errados. Não fazemos absolutamente nada de verdadeiramente útil para o bem da sociedade como tal, e não da sociedade como produto capitalista.
Numa altura em que abandonamos quase que por completo a produção agricula, o sector dito primário, temos ainda o descaramento de olhar quem lá trabalha com maus olhos. São os ditos desqualificados, sem educação. Que erro. São eles que produzem de facto e somos nós, os prestadores de serviços, os verdadeiros inúteis.

Não acredito que nem esta geração nem a que se segue seja capaz de alterar este rumo das coisas. Ainda assim tentarei educar a minha filha num sentido diferente. Educa-la de forma a que ela se separe do capitalismo, do dinheiro e dos bens materiais inúteis. Que nunca viva para trabalhar. Que fuja mesmo do trabalho e que, caso necessite, trabalhe apenas para viver.

Não sei que rumo levará este capitalismo mas seguramente que algo tem que mudar profundamente. E espero que pelo menos a minha filha e a sua geração sejam capazes de alterar isso mesmo.

quinta-feira, junho 03, 2004

CASAMENTO

Não sou casado. Continuo a achar que o casamento é uma acção religiosa e eu sou ateu.

Muitos dizem-se católicos não praticantes e por isso casam pela igreja. Outros dizem-se não católicos e casam-se pelo civil. Mas o casamento é e sempre foi um acto religioso. E por isso não caso.

Há ainda quem case pelo civil. Mas o que é isso? Um contrato com o Estado? Para quê? Se não é religioso não passa de um contrato com o Estado, da institucionalização do amor, a vigilância da relação. Para mim não. Já são muitos os contratos que fazemos e somos obrigados a cumprir. Água, electricidade, gás, contratos com bancos e seguradoras. Será necessário mais um contrato para provar o amor ou a relação? Não creio.

Por isso não casei. E não quero casar.

domingo, maio 30, 2004

EU FUI

Estive ontem no Rock in Rio Lisboa. Fui para ver e ouvir, em primeiro lugar, Peter Gabriel. Lembro-me de estar no 8º e 9º ano e ouvir este senhor do Rock. Por isso fui.

Cheguei pelas 19 horas, já o Rui veloso tinha começado. Estive a dar uma volta apenas para ver o bonito espaço. Conheci as várias tendas espalhadas e fui ver o Gilberto Gil.

Gostei muito de Ben Harper. Jet, que não conhecia, foi também bastante interessante. Mas o mais interessante foi ver uma organização extremamente bem montada, um grupo de pessoas de todas as idades, dos 3 aos 60, a divertirem-se por uma causa. Por um mundo melhor.

O Peter Gabril foi excelente. Um monstro em palco, uma voz fabulosa, musicas com causas. Foi de facto excelente. Terminou às 3 horas e 20 minutos.

Vamos tentar fazer o mundo melhor de outras formas. Vamos ser melhores, vamos ajudar o próximo, vamos ser felizes tornando os outros pelo menos um pouco mais felizes.

Eu fui. Gostei muito.


Rock in Rio Lisboa - 29, Maio, 2004 Posted by Hello

quarta-feira, maio 26, 2004

DESPORTO I

Sou do Benfica. Isto não se explica nem vale a pena discutir. Sou porque sou. E serei sempre. Sou um adepto ferrenho mas jamais fanático.

Não queria deixar passar o dia de hoje sem dizer uma coisa. Hoje gostei de ver o Porto ser Campeão da Champions League. Festejei os golos. Festejei a vitória. Parabéns Porto.

RELIGIÕES

Não sou católico. Não sou religioso. Vivo numa sociedade Cristã, maioritariamente católica, mas não sigo o dogma de fé a que os religiosos tanto se apegam (ou pelo menos a maioria deles). Não me identifico com a religião católica e não acredito em mais do que na História que, ainda assim, não creio que esteja muito bem contada, ou tem sido adaptada à medida dos interesses da altura. Mas tenho pena. Deve ser tranquilizante, um apoio em momentos difíceis.

Recentemente li um pouco sobre Budismo. Os textos do actual Dalai Lama mexem um pouco comigo e fazem-me pensar bastante, mas não acredito em algumas das bases do Budismo, nomeadamente na reencarnação. Ainda assim, o simples facto de existir alguma dúvida se é uma religião ou uma filosofia, despertou o meu interesse.

Depois de ler o livro Samsara houve um ponto que ficou retido – “O ideal é fazer bem aos outros. Caso não consigas fazer bem aos outros, pelo menos não lhes faças mal”. Tenho tentado ao máximo seguir isto. Creio que tenho conseguido.

Mas em termos de religião, não acredito. Não tenho fé. Acho que os milagres são lendas. Mas aceito. Aceito todas as religiões. Só não gosto do fanatismo, como em tudo, das seitas, dos exageros, isso não. Poupem-me. Eu também não obrigo ninguém a não ter fé, a não acreditar.

Sou Ateu. Ponto.

terça-feira, maio 25, 2004

NÃO ACREDITO

Acredito em muito pouco.
Não acredito em nenhuma religião... e os dogmas não se discutem... ou se acreditam ou não. Eu não acredito.
Não acredito no sobrenatural, no hipnotismo hipócrita nem na vida depois da morte.
Não acredito nesta democracia corrompida e sem nenhum interesse no bem-estar do ser humano.
Não acredito no capitalismo que nos torna escravos do trabalho.
Não acredito nas empresas que querem apenas alimentar o capitalismo e fazer sobressair a diferença de classes.
Não acredito nos políticos que se limitam a fazer de nós parvos.... e nós aceitamos isso sem nada dizermos.
Não acredito em chefes.
Não acredito na gestão.
Não acredito nas frases feitas.
Não acredito no marketing nem na publicidade.
Não acredito na guerra.
Não acredito na felicidade que me passa ao lado e quase não dou por ela.
E cada vez acredito em menos coisas......

segunda-feira, maio 24, 2004

TEMPO I

O tempo. Há muito para falar sobre o tempo. Hoje vou falar da falta de tempo. É comum ouvirmos dizer “não tenho tempo”. É provavelmente a maior mentira do século. A ausência de tempo.

Todos temos exactamente o mesmo tempo. 24 Horas por dia, 7 dias por semana, até morrermos. O que nem sempre nos lembramos é das opções que tomamos. São as opções, as escolhas, que nos definem o tempo. Temos sempre tempo para fazer algo mas esse algo depende da nossa escolha. Eu escolho trabalhar até tarde e chegar a casa às 22 horas ou ir ao cinema e chagar a casa à mesma hora. E tenho o mesmo tempo.

Muitos dizem que não têm tempo porque o trabalho não o permite. Mais uma vez é uma escolha. Eu opto por trabalhar mais com alguma finalidade. Escolho tentar dessa maneira progredir na carreira, ou simplesmente ter carreira. Mas existe sempre outra opção, tão ou ainda mais válida. A opção de usar o tempo para fazer outras coisas. Para ler, para descansar, para meditar, para trabalhar, para jogar, para namorar, para brincar...... tempo para não fazer nada.

Numa sociedade em que tempo é dinheiro, a correcta ocupação do tempo varia de acordo com as nossas opções. A minha opção vai no sentido de cada vez procurar ter mais tempo para fazer o que gosto. Tempo para brincar, tempo para ler, tempo para pensar.

A minha carreira só será de sucesso se eu estiver bem comigo, se tiver tempo para mim. Antes disso não quero nada, nem tempo, porque não o saberei usar.

O PODER DOS BLOGS

É muito interessante o poder dos blogs. Até que ponto é que um blog é ou não importante, lido e acima de tudo percebido.

Foi com muito agrado que recebi o primeiro comentário ao meu blog. Uma pessoa totalmente desconhecida, sem que eu lhe desse qualquer informação, leu o meu blog. E mais do que ler, comentou. Alguém leu e comentou aquilo que me ia na alma. Obrigado Afrodite, obrigado por leres e ainda mais por comentares. Que interessante se tornou ter o meu blog.

Não tenho qualquer pretensão de ter um blog muito lido. Quero apenas emitir a minha opinião, a minha forma de ser e estar e, se alguém a ler, tanto melhor. Se alguém a comentar melhor ainda. Mas o mais interessante é poder ser lido por pessoas que não conheço e partilhar com elas ideias e pensamento.

Mas afinal para que é que servem os blogs? Porque é que existem tantos e com tantos temas? Nos dias de hoje as pessoas não são ouvidas por ninguém, fala-se cada vez menos, os casais não conversam, os jovens não têm sequer temas de conversa. É sem dúvida uma geração com poucas histórias para contar e isso nota-se nas suas conversas, ou nas nossas conversas. Não temos nenhuma revolução para comentar, a política diz-nos pouco e tudo anda à volta de uma economia corrupta em que cada vez menos acreditam – que temas havemos nós de conversar?

Nos blogs diz-se o que nos vai na alma. O que sentimos e o que queremos. E eu nem sequer quero saber se alguém lê ou não. Eu digo. E posso dizer. Esse é o poder dos blogs, a possibilidade de dizer, ser lido caso alguém queira ler, receber comentários e debater. Mas se ninguém ler, tudo bem, eu não deixo de dizer. Temas soltos, conversas várias, ideias comuns ou não. Eu tenho um blog onde digo o que penso....... e espero continuar a ter.


sábado, maio 22, 2004

GRÉCIA 2003

A Grécia é um país bonito. Estive lá com a minha mulher em 2003 mas visitei poucas ilhas (não estive muito em locais muito turísticos). Fiz uma viagem de um dia por três ilhas turisticas (Egina, Póros e Hidra). A Ilha de Evia, onde fiquei, acabou por se mostrar uma agradável surpresa - depois de uma primeira impressão muito má. O aluguer de um carro levou-me para longe do horrivel hotel onde estava e a beleza da ilha conquistou-nos.


Ilha de Evia, Grécia 2003 Posted by Hello


Ilha de Evia, Grécia 2003 Posted by Hello

Achei Atenas muito interessante e o seu lado histórico grandioso - mesmo estando apenas durante um dia. É maravilhoso pensar que estamos onde todo o pensamento moderno, a estrutura filosófica actual, nasceu. Não fiquei com má impressão da poluição (que sem dúvida existe mas não é um incómodo insuportável) e encontrei muitos monumentos lindissimos.


Atenas, Grecia 2003 Posted by Hello

Paisagens naturais muito bonitas e esta gaivota a olhar para mim como que a querer dizer algo.


Grécia 2003 Posted by Hello

Um local diferente, onde não encontramos apenas praias bonitas, história e arte, mas com muitos pontos de interesse.

O MEUS VINHOS DE ELEIÇÃO

Esta é a minha lista de vinhos favoritos. Os que mais prazer me dá beber. São vinhos que bebi recentemente e que, não sendo um grande conhecedor, podem servir apenas como indicadores.

Branco da Gaivosa 2001 – €7
Esporão Reserva 2000 (Branco) – €9
Vinha D’Ervideira Branco 2001 – €6
Tapada do Chaves Branco 2000 – €7

Quinta da Gaivosa Tinto – €30
Duas Quintas Tinto – €15
Esporão Reserva Tinto– €16
Esporão Syrah – €10
Piriquita Tinto 2000 – €4

Vale a pena experimentar. Espero acrescentar mais alguns à medida que os considere interessantes.

sexta-feira, maio 21, 2004

GESTÃO MODERNA

Ao contrário do que usualmente se costuma dizer, a gestão das empresas virada para o lucro não creio ser a solução para a evolução económica do país. Pelo menos eu não acredito nisso.
Hoje as pessoas estão mentalizadas que têm que trabalhar para que a sua empresa tenha lucro para que possa crescer economicamente e para que individualmente esse crescimento seja também sentido (quer pessoalmente quer a nível monetário). Na prática, as pessoas esforçam-se e sofrem por um rosto que não existe e apenas uma ínfima parte ganha com isso. Usualmente quem ganha é que já tem um lugar elevado sendo que os trabalhadores mais baixos (em termos hierárquicos) em nada evoluem e em nada sentem o retorno do seu esforço. Muitos dizem que o que recebem em troca é trabalho e a possibilidade de continuarem a trabalhar. Mas esse é um engano, a teoria do medo lançada para o mercado de trabalho.
O estado nasceu para proteger os indivíduos e não podemos permitir que as empresas usem as pessoas como o fazem actualmente. O accionista não tem rosto e o poder do lobby corrompe. A geração de riqueza só é benéfica quando distribuída por todos. De outra forma aumenta a desigualdade entre classes.
A finalidade das empresas não pode ser o lucro mas sim o bem estar da sociedade e das pessoas.

quinta-feira, maio 20, 2004

SER RICO

Uma grande parte das pessoas quer ter mais dinheiro com o intuito de fazer mais, comprar mais e viver melhor. Para isso trabalha mais com o objectivo de ter mais prémios ou subir hierarquicamente e ter um ordenado melhor. Com isso despende tempo que deixa de ter para outras coisas.
Com a finalidade de ter uma vida melhor, temos uma empregada em casa que nos ajuda nas arrumações e limpezas e para a qual optamos por pagar um valor que consideramos necessário para melhorar a nossa vida. Mandamos passar a roupa fora e encomendamos comida fora. Trabalhamos mais para ter esse dinheiro.
Com a finalidade de termos menos preocupações e de darmos mais e melhor educação aos nossos, colocamos os filhos nos melhores colégios possíveis, para os quais optamos por pagar um valor que consideramos o necessário para o efeito. Para isso temos que trabalhar mais.
Com a finalidade de descansarmos um pouco do ano de trabalho intenso marcamos férias cada vez mais “diferentes”, férias estas onde despendemos o dinheiro que achamos justo ou possível para esse merecido descanso. Passamos pois o ano a trabalhar para esses 22 dias, e é neles em que pensamos durante o resto do ano. Para isso temos que trabalhar mais.
Trabalhamos mais para termos mais e quanto mais trabalhamos mais precisamos.
Mas será que vale a pena? Será que queremos ser ricos? Ou melhor, o que é que é ser rico? Pois eu acho que ser rico nada tem a ver com dinheiro........ uma grande amiga minha costuma dizer..... “O que custa não é viver, é saber viver”.

quarta-feira, maio 19, 2004

FELICIDADE

Tenho uma casa onde tenho praticamente tudo aquilo que necessito. Tenho quadros bonitos, móveis que gosto, plantas que lhe dão vida. Tenho uma boa televisão, centenas de filmes e ainda mais álbuns de musica. Tenho livros para ler, roupas e todos os bens considerados necessários para que possa viver feliz. Mas não o sinto.

Tenho um emprego estável numa dita grande empresa onde ganho o suficiente para fazer o que considero o suficiente para ser feliz. Sou tão materialista como provavelmente todos o são, mas sei que tenho um carro que gosto e não quero outro, tenho amigos que gosto e não necessito de mais, tenho colegas com quem me dou bem. Tenho o que se considera necessário para se ser feliz. Mas não o sinto.

Tenho uma mulher bonita que amo, uma filha lindíssima que amo ainda mais. Foi com elas que passei os melhores momentos da minha vida e seguramente os em que me senti mais perto ou mesmo mais feliz. Tenho uma família que sempre me deu o que necessitei, sempre me apoiou e sempre foi amiga. Delas não exijo nada, não quero nada, porque já me deram tudo. Tenho o que se considera necessário para se ser feliz. Mas não o sinto.

Tenho a certeza que quero ser feliz e a noção que nunca o serei. Porque sei que a felicidade não é eterna, também tenho que deixar de querer que o seja. Porque não acredito nela como mais do que um momento, devo deixar de a exigir. Porque jamais a sentirei por mais que esse momento que ela é, não posso ter a esperança de a manter.

E esse momento, quando surge, e pode faze-lo sob a forma de um beijo da minha filha, de um sorriso da minha mulher ou de um consolo da minha mãe, vale tanto durante tão pouco que muitas vezes nem o sinto.

Mas que merda de vida levo onde sei que o que tenho seguramente trás felicidade à grande maioria das pessoas e a mim me deixa quase que ainda mais insatisfeito. Que merda o querer mais e mais e mais. O querer algo em que as pessoas não pensam ou se pensam não o fazem de uma forma aberta. Que merda não conseguir através da simplicidade chegar onde nem com tudo lá chegarei. Que merda não conseguir lá chegar. Que merda ter tudo o que é considerado necessário para ser feliz mas não o sentir.


Alegrete 2003 Posted by Hello

Vou apenas tentar ver mais vezes esses pequenos momentos e pensar..... "estou feliz".

INUTILIDADES PARTE I

O mundo está cheio delas. De todas as espécies. Hoje quero falar das inutilidades materiais e de como já não podemos viver sem elas (nem com elas muito embora nem sempre nos demos conta disso). É a bola de neve da economia global. Vive das inutilidades, obriga-nos a viver com elas e nós já as temos como uma necessidade assumida, como uma utilidade.
Todos os dias nos confrontamos com a necessidade de adquirir aquilo a que já chamamos bens (não de primeira necessidade mas de segunda ou terceira). As nossas casas estão cheias de produtos que se pensarmos conscientemente são inúteis e que os compramos pura e simplesmente por comprar. A grande parte das compras que fazemos pode ser evitada pelo simples facto de não ser necessária. Mas porque é que as continuamos a fazer?
O que torna interessante todo esta envolvente é que todos temos consciência desta realidade mas nada fazemos para a alterar. Sempre que compramos algo acabamos por nos manter envolvidos nesta “bola de neve”. E falo de bens tão simples como utensílios de cozinha com várias formas e cores mas sem diferença em termos práticos, de tapetes quadrados, redondos e ovais ou de canetas compridas ou curtas – a nossa necessidade primária fica satisfeita com qualquer um dos produtos.
Não deixa de ser interessante uma análise cuidada à pirâmide de Maslow, tentando introduzir esses produtos nos diferentes níveis. O intrigante é que muitos satisfazem exactamente as mesmas necessidades e ainda assim somos impelidos a adquirir mais e mais do mesmo.
O que é que podemos fazer para sair deste puro materialismo? Pensar nele. Acredito que se pensarmos seriamente nisto durante o tempo suficiente poderemos conseguir abandonar este vicio de ter, de comprar, sempre mais e mais.
É aqui que se dá o grande contra-senso. Caso a sociedade em geral tome consciência e consiga alterar o seu comportamento face a estas inutilidades, a sua tendência é morrer. A economia sustenta-se, desde à vários anos, na compra e venda dessas inutilidades. Sem elas as empresas fecham, os empregados são despedidos e deixa de existir capacidade para a compra dos outros bens, esses sim necessários. É uma bola de neve da qual já não há forma de nos vermos livres. Mas é uma bola que tem de ser e vai seguramente ser travada. A dúvida é quando e como.
Vamos apenas tentar ser um pouco mais abrangentes nesta breve análise. Na prática, caso deixemos de adquirir estas inutilidades as empresas que as fazem deixam de as vender e das duas uma: ou fecham com o consequente desemprego associado, ou mudam o produto que fabricam (até encontrarem algo que a sociedade considere de facto útil). Se com a segunda opção o mundo fica melhor, a dúvida está em perceber o que acontece caso a primeira seja que vinga (e essa vai de facto ter que acontecer na maioria dos casos). O que acontece é apenas uma coisa; essas pessoas deixam de fazer inutilidades. Ponto. A pergunta natural é o que é vão então fazer...... a resposta será sempre difícil mas espero sinceramente que passem a fazer utilidades. O ser humano sempre foi, ao longo da história, capaz de superar as fases economicamente negativas, com soluções evolutivas. Essa evolução é, a meu ver, necessária na actual conjuntura.
É que se por um lado a abolição deste materialismo será perigoso, mas a meu ver necessário, a sua manutenção é desastrosa. Mas também sabemos que é apenas quando caminhamos para o caos que se evolui.