sexta-feira, junho 04, 2004

GERAÇÃO INÚTIL

Creio que a História classificará a actual geração entre os 30 e 40 anos como a geração inútil. Fará quase que seguramente o mesmo em relação à geração que vem depois, que tem hoje entre os 15 e os 20 anos. Porque é uma geração inútil. É a geração dos serviços. É a geração da produção fictícia, da criação de inutilidades, do abandono da produção. Os serviços, maioritariamente, de nada servem. Para que serve um contabilista, um auditor ou um gestor? Para que serve uma secretária, um escriturário ou uma engenheira? Para nada. Nada produzem. São inúteis. Na realidade servem para alimentar o capitalismo. Mas isso é produzir?

Será que quando chegamos a casa e pensamos, se é que pensamos, consideramos que fazemos algo de útil? Se sim, estamos errados. Não fazemos absolutamente nada de verdadeiramente útil para o bem da sociedade como tal, e não da sociedade como produto capitalista.
Numa altura em que abandonamos quase que por completo a produção agricula, o sector dito primário, temos ainda o descaramento de olhar quem lá trabalha com maus olhos. São os ditos desqualificados, sem educação. Que erro. São eles que produzem de facto e somos nós, os prestadores de serviços, os verdadeiros inúteis.

Não acredito que nem esta geração nem a que se segue seja capaz de alterar este rumo das coisas. Ainda assim tentarei educar a minha filha num sentido diferente. Educa-la de forma a que ela se separe do capitalismo, do dinheiro e dos bens materiais inúteis. Que nunca viva para trabalhar. Que fuja mesmo do trabalho e que, caso necessite, trabalhe apenas para viver.

Não sei que rumo levará este capitalismo mas seguramente que algo tem que mudar profundamente. E espero que pelo menos a minha filha e a sua geração sejam capazes de alterar isso mesmo.

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