terça-feira, junho 29, 2004

ESTADO POLÍTICO II

Soube à 5 minutos que a saída do Dr. Durão Barroso o obrigará a apresentar ao Presidente da República uma proposta de novo governo e este a submeter um novo programa de governo para aprovação na assembleia da república. Isto muda substancialmente a minha forma de ver as coisas. Pensava sinceramente que mesmo mudando o governo o programa se manteria - e daí o meu anterior post. Não quero aqui criticar o programa em questão porque já tive oportunidade de o fazer nas urnas, mas a apresentação de um novo programa muda a forma como este problema deve ser observado.

Acredito que qualquer programa para governar um país só pode ser aprovado pelo povo. O povo fez isso em relação ao actual programa pelo que deverá fazer o mesmo em relação ao próximo. Assim sendo, e caso seja de facto obrigação do novo governo apresentar um novo programa, creio que deverá haver eleições antecipadas para que seja o povo a decidir que programa seguir.

segunda-feira, junho 28, 2004

ESTADO POLÍTICO

As mudanças políticas que se avizinham têm feito correr muita tinta. Vou tentar aqui dar também a minha opinião sobre a actual situação política decorrente da quase certa ida do Dr. Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia.

Antes de mais convém dizer que nunca votei nem PS nem PSD pelo que creio poder ter uma opinião isenta de “quintas” partidárias.

Em primeiro lugar, muito se tem falado sobre o que fazer com a saída do primeiro ministro. A constituição é clara. Se a maioria parlamentar encontrar uma solução de uma forma clara e sem guerras demasiado perturbadoras, acredito que o presidente da república aceitará e deverá aceitar a mudança sem levantar grandes problemas. Para os que são contra o Dr. Pedro Santana Lopes, de quem pessoalmente também não me agrada para ser o nosso primeiro ministro, é importante dizer que quando o país vai às urnas fá-lo por um programa eleitoral e não por uma ou mais pessoas. E se não é assim, estão errados, porque deveria ser. Assim, esta questão não deve serquer ser levantada.

O problema levanta-se principalmente se internamente o PSD não encontrar pacificamente uma solução. Se existir a necessidade de um congresso extraordinário, aí creio que o presidente deverá imediatamente dissolver a assembleia e convocar eleições antecipadas. Ainda assim, creio que isso não seria muito bom já que a esquerda neste momento não tem organização nem liderança para assumir de uma forma correcta a chefia do país.

Termino apenas dizendo que nunca apoiei nenhuma maioria absoluta nem tão pouco uma maioria parlamentar. Creio que em democracia deveria existir sempre uma assembleia não maioritária e o consenso democrático será sempre a melhor e mais correcta forma de encontrar soluções evolutivas para o país.

domingo, junho 27, 2004

VIDA

Estamos completamente perdidos sem saber o que fazer, como dar a volta, até onde ir para fugir a uma vida que não queremos ter. Ao pensarmos nela desejamos não pensar, ao vermos o que somos sabemos que não podemos mais ser. Vivemos apenas como podemos e não fazemos por poder mais até porque não sabemos o que queremos. Os poucos que sabem, esses loucos, são excluidos, marginalizados, reprimidos. Não lhes ligamos e dizemos que estão loucos apenas porque sabem o que querem e como querem viver uma vida que nos dá tudo mas que nós não lhe ligamos.

Mas nada fazemos, nada mudamos, nada.... nada. Estamos só impávidos e serenos à espera que a morte nos chame e nos diga "inútil.... vem". Aí pensamos no que poderiamos ter feito, no que deveriamos ter feito, e no que não fizemos. Aí choramos. Aí morremos. Tarde. Reagimos sempre tarde demais para tentarmos ser algo. Somos todos assim, ou quase todos. Mesmo a maioria dos que pensa que não são... são. E vão continuar a ser.

sábado, junho 26, 2004

NACIONALISMO BANDEIRISTICO

Será que a recente mania de colocar bandeiras Portuguesas nas janelas dos carros e casas se trata de puro Nacionalismo? Será que se trata de mostrar amor e apego à nação? Não creio. E não creio porque maioritariamente acredito que se trate de uma questão estética, de uma resposta a uma proposta interessante e de um forma de mostrar algum apoio à selecção. Não mais que isso. Não se trata de nacionalismo.

Estamos numa altura muito importante a nível Europeu, altura esta que acredito que tem como fim o acabar das nações como as conhecemos. A nova constituição procurará, entre outras coisas naturalmente, afastar a noção de nação como a conhecemos, a xenofobia e o racismo. Não quero discutir se deverá ser esse o caminho. Quero apenas dizer que se ninguém se importa com isso, não é seguramente pendurando uma bandeira na janela que demonstra o seu nacionalismo. Não acredito que exista esse nacionalismo no nosso país.

Mas eu também pendurei uma bandeira. Clubismo. Isso sim. Vemos o Euro como um campeonato de paises e Portugal é um clube presente. Por isso apoiamos a selecção. Mas é clubismo puro, não nacionalismo.

Além do que disse atrás, creio que esteticamente é interessante ver as ruas cheias de bandeiras e por isso também aderi. E acredito que como eu há muitos outros que o fizeram sem qualquer tipo de nacionalismo inerente.

Será que um país que não se preocupa com o seu estado político, económico e mesmo social poderá ter este tipo de atitudes como sendo nacionalistas?

segunda-feira, junho 21, 2004

IGNORÂNCIA

Pois é. Por vezes penso que o melhor é não pensar em nada e viver na ignorância. Não querer saber o que me tornará feliz e simplesmente deixar a vida levar o seu rumo. Não sei o que é que quero fazer da e na vida. Não sei o que me fará feliz. Será que se não pensar sou mais feliz?

Noto que a maior parte das pessoas nem sequer pensa no mundo que as rodeia. E prefiro nem lhes levantar esse problema porque corro o risco de me atirarem à cara que a causa da sua infelicidade foi a nossa conversa. É que não acredito que as se pessoas pensarem na vida que levam e nas suas prespectivas fiquem muito felizes.

Tenho pena de também eu não me limitar a não pensar em nada e a viver mecanicamente tal como a grande parte dos outros - a viver um dia atrás do outro, sempre com o mesmo fundo à vista, sem querer sequer pensar no que querem. Tenho pena de estar constantemente insatisfeito com a forma como o mundo está. Tenho pena de não ver alternativas e de não poder nem conseguir mudar de vida. Tenho pena de não saber o que quero desta vida. Tenho pena de um dia morrer e nada ter feito para ser feliz. Não é a morte que me assuste (de facto nem penso nisso) mas a insatisfação de nada ter até agora feito para sentir que a minha vida foi útil e feliz.

Mas será que não pensar me tornará mais feliz? Não só não sei a resposta como é de todo impossível pensar nisso. É que eu penso nisso. A ignorância no campo da forma de estar é na minha opinião também ela limitativa. Acima de tudo porque torna a nossa imaginação corrompida, já que não pensamos por nós, e a nossa presença no mundo totalmente sem sentido. Mas a maioria das pessoas é assim que vive. Sem pensar. E vive feliz. Até ao dia em que pensam na vida que levam..... e morrem.

sexta-feira, junho 18, 2004

TRANQUILIDADE

As plantas transmitem uma enorme tranquilidade a tudo o que as rodeia.

Sinto-me bem quando, todos os fins de tarde, vou regar as plantas das minhas varandas. Buganvília, Jasmim, Roseiras, Era, Trandescância, Hortense e Alfazema entre outras. Tenho também bastantes dentro de casa como Begónias, Paus d’Agua, Crotons, Vriesea, Schefflera, Poto, Ficus. Dão alegria à casa. Dão-lhe vida. E a mim dão-me um enorme prazer.

Ver crescer uma planta é algo maravilhoso. É um sentimento de ajuda, uma sensasão de liberdade.

Mas é de facto um prazer regar as plantas. Não penso em mais nada nem mais nada me perturba. Limito-me a olhar para elas, cheirá-las e regá-las. Por vezes fito-as e passo as mãos por elas.... depois sinto o cheiro que fica nas mãos.

Tranquilidade....... é um momento de tranquilidade. Um dos poucos que consigo ter nos dias que correm rápido demais.

segunda-feira, junho 14, 2004

PEQUENOS PRAZERES

A vida é feita disso, de pequenos prazeres. Muitas vezes nem damos conta deles mas são o que nos mantém vivos. Falo de prazeres realmente pequenos. Aqueles que nada fazemos para os ter e que se não os tivermos sentimos a falta.

É impressionante o poder que um sorriso (não todos mas em determinadas circunstâncias) da minha filha tem. Como um simples mexer de lábios pode dar um prazer tão grande a alguém. Um gesto, sem palavras, um esboço de felicidade de uma filha tem o poder de mover todo um estado de espírito. Este é de facto um dos maiores pequenos prazeres da vida.

Mas há muitos outros. Há a leitura de um texto que desperta atenção e prazer, o encontrar de opiniões semelhantes ou opostas, mas que nos chamam a atenção. Há um vinho fresco gelado numa tarde de verão, um beijo ao pôr do Sol, uma brisa fresca numa noite quente, o cheiro de uma flor ou mesmo a sua cor, o odor de uma deliciosa maçã ou a frescura de uma cereja.

Há mais. Muitos mais. Há um sono profundo, uma sesta calma, um café no trabalho. Há um suspiro de alívio, uma música calma ou uma pausa pensada. Há as reflexões, as opções ou as acções não pensadas. Há momentos que não damos por eles, há atitudes não pensadas, há vontades desconhecidas.

Há de facto muitos pequenos prazeres. Tão pequenos que não os quero tornar grandes para não os perder.

domingo, junho 13, 2004

ELEIÇÕES EUROPEIAS

Hoje é dia de eleições. Ao longo dos meus 30 anos de vida e 12 de votante falhei apenas uma eleição presidencial e foi porque estava em Madrid e não me apeteceu fazer 600Km para votar.

Muito embora o voto em branco tenha muitas vezes sido opção, neste momento a situação é um pouco diferente. Sei que votar em branco significa que não estou de acordo com o que qualquer das forçar políticas me apresenta como opção mas neste momento não é só disso que se trata - e de facto não acredito em nenhuma das opções.

O meu problema actual é que deixei de acreditar neste sistema. Deixei de acreditar nos partidos e nos políticos, no sistema em si, e não apenas nas suas supostas soluções ou ideologias.

Isto levanta-me uma questão importante. Deverei ir votar se o que não acredito é o sistema em si? Não sei. Não sei mesmo. E atenção que eu levo estas questões bastante a sério pelo que tenho pensado bastante nisto. E continuo sem saber. Acredito que devemos participar e tentar encontrar soluções. Só deixei foi de acreditar na forma como o "esquema" democrático está montado. E por isso não sei se deva ou não ir votar.

Sei que estas eleições são muito importantes e que se decide o nosso futuro mais do que aquilo que imaginamos. Mas sei também que poucos se importam com isso. Para os mais interessados deixo aqui o link para a proposta de Constituição Europeia em formato .pdf (Projecto de Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa). Aliás, esta Constituição é um dos pontos que pesa a favor do NÃO votar. Não é votar em branco... é não votar de todo.

Vou dormir sobre o assunto e amanhã espero estar mais claro em relação ao assunto.

sexta-feira, junho 11, 2004

FEIRA DO LIVRO 2004

Os livros que adquiri este ano na feira do livro são de vários temas. UNS por curiosidade histórica, outros por interesse real e ainda outros por puro impulso, as aquisições estão abaixo apresentadas sem qualquer ordem de preferência.

Movimento Contra o Trabalho – Grupo Krisis – Ed. Antígona – Já terminei a leitura deste livro. Muito interessante. Uma excelente abordagem contra o trabalho virado para a alimentação do capitalismo. Apresenta a importância do trabalho útil e a inutilidade da actual forma de ver o trabalho.

Pequenas Grandes Infâmias – Panos Karnezis – Ed. Cavalo de Tróia – Não conheço e ainda não li. Pareceu-me interessante. Um escritor Grego. Histórias de uma pequena comunidade situada, naturalmente, na Grécia.

Excertos dos Diários de Adão e Eva – Mark Twain – Ed. Cavalo de Tróia – Excelente abordagem cómica às diferenças entre homem e mulher através de duas personagens por demais conhecidas.

Os Pensadores – Daniel J. Boorstin – Gradiva – Este excelente livro (estou a meio) apresenta a evolução de pensamento e a constante busca do Homem para se conhecer. Uma visita interessante ao inicio do pensamento metódico e uma oportunidade de perceber a evolução filosófica até aos nossos dias.

O Universo numa Casca de Noz – Stephen Hawking – Gradiva – Famoso livro que apresenta a visão do cosmos segundo o famoso cientista.

Tratado Sobre a Tolerância – Voltaire – Ed. Antígona – “Não faças o que não quereis que te fizessem” – Uma abordagem de Voltaire à importância da tolerância. Tenho bastante curiosidade em ler este livro.

Odisseia – Homero – Ed. Cotovia – É o famoso livro de Homero, em verso. Um livro que quero ir lendo aos poucos.

A Globalização do Capital – Barry Eichengreen – É a História do Sistema Monetário Internacional. Tenho interesse em perceber como é que chegámos a este ponto.

A minha mulher comprou mais alguns e muitos mais foram para a minha filha.

Adoro a feira do livro.

quarta-feira, junho 09, 2004

QUERO TER UM PORCO

Quero ter um porco. Quero ter um porco e chamá-lo Geremias.

Quero ver o Geremias crescer, ficar gordo e quero que a sua cor, de rosa, fascine a minha filha Rita. Quero que o Geremias passeie descansada e calmamente, que brinque e que nos entretenha, tal como nós a ele.

Quero que, nas noites frias, o Geremias se deite, ao pé da lareira. Que ressone e que nós nos regozijemos ao olhar para ele. Quero que o Geremias sinta que somos amigos e que confie em nós. Que saiba que nem todos os porcos são porcos, que nem todos são comidos e que existem alguns que têm amigos. Que os conhecem e partilham o que têm. Que vivem com eles.

Quero que o Geremias olhe para as árvores e as aprecie, que veja o Sol e a Lua como nós. Quero ter um porco, quero ter um amigo porco, de verdade.

Quero ter um porco a quem vou chamar Geremias.

MUDAR DE VIDA

A vida é muito curta. Curta demais para valer os problemas que criamos. Curta demais para não tentarmos, para viver penas segundo o que nos dizem, para agir como pretendem que o façamos. Demasiado curta para não procurarmos ser felizes.

Eu estou cansado da vida que levo. Das pressas no trabalho, da cidade demasiado exigente, das obrigações diárias. De não ter tempo para pensar, de nem sequer poder parar. De ser obrigado a estar sempre a este ritmo. De não gostar. Estou cansado. Não quero mais isto. Deixei de querer o que sempre fui educado a desejar. Não quero mais trabalhar uma vida inteira para tentar ter algum dinheiro nem sei bem para quê. A vida é demasiado curta e as pessoas perdem demasiado tempo a fazerem coisas sem interesse. Trabalham demasiado e deixam de ter vida.... por uma carreira. Eu não quero mais essa carreira. Chega. Estou farto da carreira, de carreiras e de viver para elas.

Quero fugir de Lisboa e mudar a minha vida para o campo. Continuar a trabalhar, é verdade, mas a ter também uma qualidade de vida que se tornou impossível sequer desejar. Quero trabalhar apenas o suficiente para poder ter uma vida calma, para poder desejar ter uma vida. Quero ter uma casa pequena com espaço, quero ter arvores de fruto e uma horta. Quero fazer mais coisas com gosto e mais coisas que gosto.

Quero divertir-me. Acho que posso. Acho que mereço.

segunda-feira, junho 07, 2004

UMA VIDA NORMAL

Gostava de saber escrever. De escrever estórias. De colocar em papel tudo o que me vai na alma e poder ser lido. Ou de imaginar um romance, um conto ou ficção e transmiti-lo. Gostava. Mas não só não sei escrever como não tenho estórias para contar.

Numa época em que qualquer um escreve um livro e, por muito mau que seja, ele é lido, não gostava de escrever algo sem sentido. É verdade que sempre se escreveram bons e maus livros, como agora, mas creio que hoje, com a facilidade de divulgação, impressão e exposição, se colocam à venda mais livros sem qualquer qualidade. Isso não queria.

Queria saber escrever. Queria saber transmitir correcta e atraentemente o que me vai na alma, o que me ocorre, o que sinto. Queria ter estórias para contar, ter imaginação para as criar, ter quem gostasse de as ler.

Se calhar um dia escrevo. E nesse dia creio escreverei sobre um homem normal que tem uma vida normal, com uma família normal e um trabalho normal. Que faz dos seus normais hobbies um divertimento normal, que lê o que normalmente se lê, pensa como normalmente se pensa, acredita no que é normal. Sobre um homem que vive normalmente e faz dessa normalidade a sua opção. Sobre um homem que quando chega aos 30 anos pensa “Tenho mesmo uma vida normal... estou farto”.

Qualquer dia escrevo um livro normal.

domingo, junho 06, 2004

"MANIFESTO CONTRA O TRABALHO"

Acabei recentemente de ler o livro “Manifesto Contra o Trabalho”, escrito pelo grupo KRISIS e publicado pela editora Antígona em Portugal. Escrito à cerca de cinco anos, este tratado foi largamente debatido na Europa, especialmente na Alemanha, a sua origem. Este livro não é um tratado a favor do ócio mas sim um movimento a favor do trabalho útil. Mostra as incoerências do Capitalismo e o poder influênciador do dinheiro em todos os actuais actos do ser Humano. Coloca a nu a corrupção pelo dinheiro e apresenta a queda do Capitalismo como certa. Um livro que vale a pena ler de uma forma crítica e que pode muito bem ser um ponto de partida para a procura de alternativas mais que necessárias para pôr fim à escalada de desigualdades que a sociedade cria. Em Português, vale a pena visitar o site EXIT.

LUGARES I

Um fim-de-semana calmo e tranquilo. Sem pressas, sem vontade de inventar, sem necessidade da correria que todos os dias encontramos, mesmo sem a procurarmos. A mania de querermos fazer mais e mais foi aqui completamente esquecida. Com a tranquilidade como pano de fundo, o Monte da Fornalha, perto de Borba, foi o local escolhido. Agradável surpresa. De uma beleza fora do normal, esta casa alentejana prometia descanso e foi o que encontrámos.


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello

Ideal para ler, pensar, imaginar ou pura e simplesmente nada fazer, é agradável saber que existem lugares perto de Lisboa onde parece que mais nada existe.


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello


Monte da Fornalha, Junho 2004 Posted by Hello

Momentos de puro relaxamento, sem a exigência diária, sempre com um único intuito: nenhum, nada. Pena é não poder ficar.

sexta-feira, junho 04, 2004

GERAÇÃO INÚTIL

Creio que a História classificará a actual geração entre os 30 e 40 anos como a geração inútil. Fará quase que seguramente o mesmo em relação à geração que vem depois, que tem hoje entre os 15 e os 20 anos. Porque é uma geração inútil. É a geração dos serviços. É a geração da produção fictícia, da criação de inutilidades, do abandono da produção. Os serviços, maioritariamente, de nada servem. Para que serve um contabilista, um auditor ou um gestor? Para que serve uma secretária, um escriturário ou uma engenheira? Para nada. Nada produzem. São inúteis. Na realidade servem para alimentar o capitalismo. Mas isso é produzir?

Será que quando chegamos a casa e pensamos, se é que pensamos, consideramos que fazemos algo de útil? Se sim, estamos errados. Não fazemos absolutamente nada de verdadeiramente útil para o bem da sociedade como tal, e não da sociedade como produto capitalista.
Numa altura em que abandonamos quase que por completo a produção agricula, o sector dito primário, temos ainda o descaramento de olhar quem lá trabalha com maus olhos. São os ditos desqualificados, sem educação. Que erro. São eles que produzem de facto e somos nós, os prestadores de serviços, os verdadeiros inúteis.

Não acredito que nem esta geração nem a que se segue seja capaz de alterar este rumo das coisas. Ainda assim tentarei educar a minha filha num sentido diferente. Educa-la de forma a que ela se separe do capitalismo, do dinheiro e dos bens materiais inúteis. Que nunca viva para trabalhar. Que fuja mesmo do trabalho e que, caso necessite, trabalhe apenas para viver.

Não sei que rumo levará este capitalismo mas seguramente que algo tem que mudar profundamente. E espero que pelo menos a minha filha e a sua geração sejam capazes de alterar isso mesmo.

quinta-feira, junho 03, 2004

CASAMENTO

Não sou casado. Continuo a achar que o casamento é uma acção religiosa e eu sou ateu.

Muitos dizem-se católicos não praticantes e por isso casam pela igreja. Outros dizem-se não católicos e casam-se pelo civil. Mas o casamento é e sempre foi um acto religioso. E por isso não caso.

Há ainda quem case pelo civil. Mas o que é isso? Um contrato com o Estado? Para quê? Se não é religioso não passa de um contrato com o Estado, da institucionalização do amor, a vigilância da relação. Para mim não. Já são muitos os contratos que fazemos e somos obrigados a cumprir. Água, electricidade, gás, contratos com bancos e seguradoras. Será necessário mais um contrato para provar o amor ou a relação? Não creio.

Por isso não casei. E não quero casar.