quarta-feira, janeiro 16, 2008

ESTADO NO BCP ou BCP NO ESTADO?

Muito se tem falado da eventual intrusão de personagens do Governo na empresa privada BCP. Muito se tem dito e referido que não é bom para o mercado, que se devia deixar as empresas privadas independentes e que se devia apenas regular sem tentar controlar.

Infelizmente discordo tanto da forma como do fundamento destas opiniões. Passo a explicar:

1. Não é o estado que se está a intrometer na vida privada da empresa, mas sim a propria empresa BCP que tem interesse em controlar o estado. Daí termos visto um conjunto de ex-ministros e secretário na última assembleia geral, tendo mesmo tido apoio dos grandes accionistas. Cada vez mais, o grande poder privado procura controlar o estado, e enquanto andarmos todos a dizer o contrário, não olhamos para o problema como ele realmente se apresenta. As empresas privadas, ao controlarem o estado, têm o poder total e a capacidade de agir conforme querem.

2. Está mais que provado que o mercado não funciona por si. Ou melhor, funciona mas em favor dos grandes interesses e não em favor do bem geral. Bem sei que este discurso se assemelha em muito ao do falido Partido Comunista, com quem não me identifico de todo, mas a minha opinião é que o estado tem que controlar os grandes sectores nacionais por forma a garantir independência perante os cidadãos, que apenas interessam ao estado e não aos privados (ao contrário do que estes tentam fazer crer).

Olhemos para as empresas privadas com o desconfio que elas merecem. A sua finalidade não é o bem da sociedade mas sim o seu próprio bem. Não podemos olhar para elas de forma diferente. Agora, olhemos para o estado como quem olha pelo bem geral (e atenção que não estou a dizer que hoje é assim, mas deveria ser, e é apra isso que temos que lutar e não o contrário) e façamos que esse bem geral seja de facto aplicado.

A verdade é que temos pouco tempo. Ou o poder está nas mãos de quem eventualemente ainda decide, os cidadãos, ou rapidamente passa (se é que não passou já) para as mão dos privados.