Numa altura em que se fala muito de solidariedade, com o Tsunami que se “abateu” na Asia e Africa, a minha opinião é cada vez mais clara: não existe solidariedade real no mundo Ocidental. O Capitalismo não é Solidário. E os povos que vivem nele também não o são.
Vemos multiplicarem-se esforços na recolha de donativos, quer monetários, quer materiais, mas não creio que se veja Solidariedade real. Acredito mais que se trata de caridade e não de solidariedade. Não damos incondicionalmente, damos de uma forma pensada e apenas quando não nos faz falta. Verifiquemos o que se passa com os povos Orientais, muito pobres e que estão sempre dispostos a dar abrigo a mais um (mesmo que aparentemente a casa esteja lotada) ou a alimentar mais uma boca (mesmo que a família já tenha pouca comida). Isso verifica-se agora em grande escala na Asia, com as pessoas sobreviventes e que ainda têm algo (que ainda assim é pouco tendo em conta aquilo que nós, Ocidentais, temos) a darem automaticamente, incondicionalmente e sem ser de uma forma pensada e à espera de algo em troca. Não é sempre assim, mas maioritariamente.
Nós os Ocidentais, Capitalistas, somos tudo menos solidários. Por caridade damos algumas roupas (as mais velhas), algum dinheiro (quando temos a certeza que não nos fará falta) ou alguma comida (sendo que mantemos a dispensa cheia). Isso não é solidariedade, é caridade. Mas é pena. É pena que o Capitalismo, sempre pronto a criar riqueza, não seja capaz de a distribuir. E esse é mesmo o seu grande mal. Ao não ser solidário, arruina quem não está com ele. Consome os vizinhos e acabará por se auto-destruir. Assim o espero, só não sei é quando.
Diga-se que também não sei o que fazer para que a solidariedade real me envolva. Consigo atingir o “ponto de caridade”, mas infelizmente, e digo-o sem problemas, não me sinto solidário. Mas tenho pena. Sei que não nos podemos obrigar a ser solidários, tem de sair naturalmente, e isso ainda não consigo, pelo menos o tipo de solidariedade que estou a falar aqui. Se calhar ainda não me tocou de perto. Espero que nunca toque mas que um dia consiga ser de facto solidário.
Há ainda mais um ponto que me perturba nesta catástrofe natural. Sei que aquilo que tem feito o Ocidente virar as atenções para aquela zona do globo, não é tanto a morte de milhares de pessoas, mas sim o facto de entre elas estarem muitos Europeus. Se não fosse assim, duvido que a atenção fosse tanta e que a “solidariedade” tão manifestada.
3 comentários:
Muito bom blog. Como antropologo/sociologo MOÇAMBICANO palavras como "solidariedade", "cooperaçao", "caridade", "ajuda" ou "assistencia tecnica", ou "development assistance" assumiram tonalidades bem distintas do seu significado inicial (?). Sobre o apoio as vitimas do Tsunami dei comigo a pensar sobre porque e que esta a ser dada ajuda em DINHEIRO. Depois pensei na logica de Marcel Mauss (Ensaio sobre a Dadiva) e lembrei me que o principal da ajuda que damos e para nos mesmos. Allez
Boa Tarde.
Ora este comentário vai atrasado..;
Em primeiro lugar muitos parabens pela forma como escreve. Os textos lêem-se bem.
Em segundo lugar não concordo muito quando atribui as culpas do mal das coisas à " sociedade capitalista ocidental ".
Em macau para chegar a um artigo exposto numa loja um chinês põe o pé nas costas de ocidenntal que dobrada via outro artigo.
Em conclusão :
O egoismo não resulta da sociedade capitalista ocidental.
No tempo do feudalismo existiam os servos da gleba que eram tratados como escravos.
O sistema não era capitalista-era pior.
De facto não atribuo as culpas ao capitalismo ocidental. Mas vivo nele e acho que é assim. Não sei como é que é nas outras sociedades, mas acredito que existam muitos defeitos nelas. Gostava de encontrar uma solução, e ainda assim acho que ela está mais proxima no oriente do que no ocidente (claro que nunca atravez de ditaduras ou imperialismos).
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