sexta-feira, julho 09, 2004

ENSINO

Procurarei dar a minha opinião, em formato o mais construtivo possível, sobre o estado da Nação. Na minha opinião a Educação deverá ser, juntamente com a Saúde e seguida pela Segurança Social, a grande prioridade do Estado. Só com políticas evolutivas nestas áreas o país poderá crescer e caminhar no sentido da melhoria das condições de vida. Esta deveria ser a função do estado, melhorar as condições de vida dos cidadãos.

Começo pela Educação. A reforma educativa é por demais necessária. Tentarei abordar o tema em três grandes áreas distintas: Ensino Primário (até a antiga 4ª Classe); Ensino Secundário (até ao 12º Ano); Ensino Superior:

1. Ensino Primário – Todas as bases de educação fundamentais são dadas às crianças dentro desta fase. A verdade é que a sociedade evoluiu e a escola não. Hoje, as crianças vão cada vez mais cedo para a escola (ou infantário) apenas e só porque ao pais não têm tempo para elas. E por isso vão para a escola. Esta escola é cada vez menos útil uma vez que sua finalidade deixou de ser educar para passar a ser ocupar. Se era habitual as crianças irem para a escola fazer coisas que não faziam em casa, como conhecer materiais, deslocações a museus, visitas de estudo, isso é cada vez mais, numa determinada camada da sociedade cada vez maior, mais habitual. Ou seja, a utilidade da escola diminui. É fácil verificar que as crianças são hoje mais estimuladas e mesmo sem frequentarem a escola conhecem mais e aprendem em casa. Assim, deverá também aqui existir um trabalho no sentido de transformar a ocupação necessária em utilidade educativa. Como? Desenvolver muito mais as áreas criativas e artísticas nas crianças em detrimento da educação banal, da educação do sistema. A minha filha vai agora, aos 3 anos e meio, para a escola. Não espero que a ensinem a comportar-se (esse é o meu papel) mas exactamente o contrário (no sentido lato claro) – que se exprima, que crie e invente, que se divirta. Só assim poderemos ter jovens mentalmente desenvolvidos e futuros Homens felizes.

2. Ensino Secundário – A escola secundária passou a ter como função principal a educação comportamental. E este é um papel difícil, que maioritariamente não é conseguido, e na minha opinião não é o correcto. Não deveria ser a escola a ter este papel, nem os seus professores. À escola pede-se demais. Aos pais nada se exige. Os actos comportamentais doa alunos devem ter repercussões nos pais. Á escola deve-se exigir que transmitam a informação necessária, a nível educacional, para que o aluno possa dirigir-se para o mercado de trabalho (caso não siga para a faculdade) com as ferramentas necessárias. A grande preocupação deverá estar ao nível das matemáticas (recorrer a um ensino menos teórico e muito mais prático) e das línguas (com especial importância na língua materna mas existindo mais uma de fundo). Deveria ainda ser criada uma área de desenvolvimento criativo (onde a imaginação e criatividade fossem trabalhadas) e de economia geral (incidência em finanças domésticas e entendimento do funcionamento da economia global).

3. Ensino Superior – O canudo. A faculdade é hoje um verdadeiro canudo. O ensino é maioritariamente teórico e tem pouca aplicação nas empresas. Os alunos perdem 4 ou 5 anos da sua vida sem se ver resultado prático nisso. É fundamental uma reforma de fundo no ensino superior. Essa reforma tem que passar pela diminuição do número de anos (no máximo 3 anos) e por um programa totalmente diferente. Dever-se-á trabalhar em conjunto com as empresas para procurar, em cada área, quais os pontos fundamentais em termos de ensino. Deverá ainda ser incluída uma disciplina de ética no trabalho, virado para as diferentes áreas de mercado (economia, saúde, educação, jornalismo, etc...). Os alunos deveriam ser avaliados de uma forma continua e não apenas em exames finais. O trabalho com as empresas deveria igualmente determinar o número de vagas, por forma a encaminhar alunos para as que têm mais necessidades humanas (claro que sempre de acordo com os interesses dos alunos). As faculdades privadas deveriam viver da mesma forma que as públicas.

Não sei sinceramente se os aspectos levantados seriam suficientes. Creio sim que seria um inicio de um debate interessante. Nenhuma politica educativa poderá ser vista no curto prazo mas as suas influências a longo prazo serão enormes e não podem ser consideradas menores. Deverá existir uma procura de consenso nesta área já que estamos a falar dos nossos filhos e netos e do futuro do país. Claro que muitos mais pontos poderiam aqui quer colocados. Fica uma primeira abordagem.

2 comentários:

Afrodite disse...

Quanto ao meu Ensino Primários posso apenas dizer que foi óptimo.
No Ensino Secundário senti que os professores não se importam com a qualidade de ensino, é suposto que os alunos tenham explicadores e quem não tem azar o deles.

Felizmente a minha estadia no Ensino Superior conseguiu apagar um pouco da má imagem com que eu fiquei da educação no nosso País, durante o Secundário.
Em todas as minhas cadeiras existe um projecto prático cuja cotação varia entre os 50% e 100% da nota da cadeira. Todos os exames são com consulta (pois segundo os professores, na nossa vida profissional poderemos consultar tudo o que quisermos mas ninguem concretiza nem pensa por nós), sendo as perguntas direccionadas para uma vertente do raciocínio em vez do tradicional "marranço".
É frequente desenvolvermos projectos para clientes reais, em parceria com empresas. Em média, mais de metade dos alunos do curso começam a trabalhar durante o 3º ano. O 5º ano é constituído por disciplinas opcionais (1º semestre) e estágio em empresa ou faculdade (2º semestre).
Os intercâmbios são extremamente fomentados e a comunidade está completamente aberta e receptiva a novas iniciativas.
Todos os semestres, os alunos avaliam as cadeiras que frequentaram, bem como o desempenho dos professores, através de formulários on-line, anónimos.

Tudo isto faz com que se crie uma boa licenciatura, não apenas um "canudo". Talvez por isso seja a 3ª melhor Licenciatura do País em Engenharia Informática quando o que não falta por aí são licenciaturas nessa área.

Seria bom se estes conceitos positivos pudessem ser aplicados a todos os níveis de educação em Portugal.

TiagusGV disse...

É impossivel pensarmos neste assunto numa base individual. Por norma as nossas são sempre boas experiências. Ao fim de cerca de 7 anos em empresas verifico que maioritariamente a faculdade é preocupantemente pouco útil, tal como é a primária. Devemos ver este assunto "de cima", globalmente.

Mas claro que pelo que dizes as coisas na tua faculdade não estão mal de todo.