terça-feira, junho 07, 2005

SINAIS DA EUROPA

Alguns países da Europa têm, ultimamente, dado importantes sinais para reflectirmos. França, Holanda, Suiça e Itália mostraram a sua opinião. E nós interpretamo-las conforme quisermos.

Em França e na Holanda venceu o Não à Constituição Europeia apresentada. Não acredito sinceramente que os votantes, pelo menos a maior parte, tenha conhecimento profundo ou mesmo suficiente sobre o tema. As abstenções foram reduzidas. E por isso mesmo devemos pensar o que quer dizer este Não.

França é, dos países Europeus, aquele que historicamente mais importância dá às questões sociais. Luta por elas e defende-as como mais nenhum. Os Franceses disseram Não a uma Europa que tem cada vez menos consciência social e se vira mais para a economia e o lucro. Os Franceses disseram Não a isso. Essa é a minha interpretação. Na Holanda também venceu o não.

A Holanda é, a meu ver, o pais socialmente mais avançado da Europa. Em termos de tolerância, de evolução social, de preocupação social – não quero com isto dizer que é a sociedade perfeita, apenas que a considero socialmente evoluída. E os Holandeses também disseram que não.

Na Suiça vimos a abertura das fronteiras ser aceite por 52% com uma campanha populista de extrema direita muito forte. 4% de diferença num país também ele socialmente bastante evoluído. Mas é um facto que a Suiça sempre foi muito contra esta ou qualquer outra Europa. Sempre foram um pais muito próprio, muito virado para dentro.

De Itália veio outro sinal de peso. Dois, para ser mais preciso. Em primeiro lugar o facto de o Euro estar a ser posto em causa. Em segundo o facto das contas Italianas terem sido chumbadas pela Europa para os anos de 2003 e 2004 salvo erro. Itália abana e a Europa abana com ela.

Sinais. São apenas sinais. A verdade é que cerca de 4 anos depois de a Europa ter apontado todas as suas armas ao défice, as baixas começam a ser de peso. A economia está muito fraca (e era sobre a força económica que se depositavam todas as esperanças), o desemprego aumenta, as diferenças sociais evidenciam-se.

É esta a Europa que temos. A minha dúvida é se é esta a Europa que queremos. Eu acho que não.

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